O cirurgião plástico Ivo Pitanguy morreu às 17:30 da tarde deste sábado (06/08), aos 93 anos, na Gávea. O médico e professor, um dos brasileiros mais conhecidos no exterior, chamado de mestre, carregou a Tocha Olímpica nessa sexta-feira (05/08), em Botafogo, a última alegria da sua vida – publicado nesta coluna. Pitanguy estava com enfermeiros, em casa. Morreu logo depois de fazer hemodiálise, de parada cardíaca. Até esta semana, manteve sua alegria de viver – incomparável!
Ivo Pitanguy publicou inúmeros trabalhos (mais de 800) no Brasil e no exterior. Era membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Nacional de Medicina. Foi ele o principal criador do serviço de queimados da Santa Casa de Misericórdia, no Rio. Conseguiu ainda valorizar a cirurgia plástica, transformando-a numa especialidade médica como outra qualquer, ou seja, elevou-a ao mesmo grau de importância da cirurgia reparadora. Estudou em Ohio, nos Estados Unidos quando jovem; desde então, seu nome cresceu ano a ano, no mundo inteiro.
Chamar Ivo Pitanguy de “deus da cirurgia” há muito tempo era comum. Conhecido por aí como gênio, disse certa vez à esta coluna: “A cirurgia plástica é, quase sempre, uma reparação, pelo menos para o interessado”. Passou isso aos mais de 500 alunos a quem deu curso em sua clínica, médicos dos mais variados países. Homem cultíssimo, poliglota, grande anfitrião, grande pai, grande pescador, são inúmeras suas qualidades. Tem ainda o lado humano, solidário, generoso: Pitanguy trabalhou por anos na Santa Casa, sem ganhar um tostão sequer, atendendo aqueles que jamais teriam dinheiro para bancar uma cirurgia. A fila para ser atendido por ele passava de dois anos.
A seu favor, o cirurgião tinha ainda o fato de ter sido a mais globalizada das pessoas, muito antes de a Internet existir: sempre atento a tudo, não havia no mundo assunto sobre o qual não conseguisse falar. Talvez tenha sido um dos maiores divulgadores do Brasil – adorava viajar tanto quanto trabalhar. Em uma das tantas entrevistas a este site, em 2011, declarou: “Toda critividade tem loucura, nem toda loucura tem criatividade. É não acreditar que amanhã você terá a loucura de estar vivo num mundo que ninguém sabe de onde veio nem pra onde vai.”
O corpo vai ser cremado neste domingo, às 18h, no Memorial do Carmo. Na cerimônia estarão os quatro filhos e cinco netos. A medicina e o País estão de luto – e por muito tempo!