Você já teve uma sensação de estranhamento? Ou já brincou com a história “sai desse corpo que não é teu?” Pois é. Transsexuais femininos ou masculinos se sentem assim todo o tempo: não são aceitos. Tentam se encaixar em modelos femininos; não conseguem e, geralmente, se prostituem. Nesse conflito – de ser ou não ser, de viver ou se esconder – é que se constrói “BR-Trans”.
Com dramaturgia e interpretação de Silvero Pereira, detentor de um talento cênico e de uma expressão corporal únicos, a peça mostra o ator se “desmontando” das roupas e dos adereços tradicionais do travesti, para contar várias trajetórias, vestido de camiseta e calça de ginástica pretas, e com a voz, a entonação, mostrar os prazeres e desprazeres de uma vida entre vidas.
“BR-TRANS” é um processo artístico-documental que traça os pontos convergentes e divergentes do universo Trans brasileiro entre os polos regionais Nordeste e Sul do País. Trata-se de um trabalho estético com base nos afetos, nas relações estabelecidas durante a pesquisa e na oportunidade de provocar questionamento, quiçá uma transformação social a partir da quebra de preconceitos por meio da arte”, afirma Silvero.
A diretora Jezebel de Carli escolhe utilizar todo o palco com pequenos objetos que, necessariamente, não são nem utilizados. O tecladista reforça os números musicais para lembrar um cabaré. Mas é Silvero que, com arrojo, força, mostra que a vida nos leva a ter vários papéis que acontecem ao longo da estrada e da necessidade. Assim como os atores que se transvestem dos personagens, que se montam e desmontam, os transexuais procuram no aplauso a razão de viver.
Serviço:
Teatro Poeira
Quintas a sábados às 21h
Domingos às 19 h