Francisco Dornelles é um dos políticos mais experientes do país – já foi secretário da Receita Federal, ministro da Fazenda no governo Sarney, deputado federal por quatro vezes, ministro da Indústria e Comércio e também do Trabalho no governo de FHC e senador da República. Mesmo com toda essa bagagem, o sobrinho de Tancredo Neves foi pego de surpresa ao ter que assumir interinamente o governo do Rio, em março, por causa da doença do governador Pezão. A situação mais inesperada ainda estava por acontecer: em junho, com os cofres do Rio praticamente zerados, Dornelles decretou estado de calamidade pública no Estado a 49 dias do início das Olimpíadas. A medida causou espanto e gerou críticas até no exterior – tanto quanto muitos elogios dos cariocas. Dornelles conta, a seguir, que não está arrependido desse gesto.
O cerco ao terrorismo está se fechando?
“As forças do Rio estão muito equipadas, vamos ter as Olimpíadas mais seguras da história. Aqui a segurança é completa, estou certo disso”.
O senhor está tranquilo em entrar para a história como o primeiro governador do Rio que decretou estado de calamidade pública?
“Sim, Lu, estou tranquilo. Decretar estado de calamidade pública era a única saída”.
A imprensa estrangeira criticou bastante esse gesto, tão próximo das Olimpíadas. O senhor se arrependeu dele?
“Não me arrependo porque se eu não tivesse feito isso, não teria dinheiro para pagar a polícia, pras estações ferroviárias e pra saúde. Era o único caminho possível. Eu precisava de recursos pra terminar o metrô e, pra receber, só mesmo fazendo isso”.
O senhor acha justa a preocupação do prefeito Eduardo Paes sobre como ficará o Rio depois das Olimpíadas? O Governo estadual estuda um esquema alternativo de segurança para depois dos Jogos?
“Cada um tem suas preocupações. Antes desse recurso o Rio estava muito debilitado”.
Que setor da economia fluminense poderia ajudar a tirar o Estado dessa crise, numa visão mais a longo prazo?
“Pra ajudar a tirar o Estado da crise, só a retomada dos investimentos da Petrobras”.
O que pode dar esperança aos moradores do Rio neste momento?
“No momento atual tem é que curtir e aproveitar as Olimpíadas, torcendo pelos nossos atletas, por que nunca mais vai ter outra no Brasil, se tiver só daqui a 50 anos”.
Pior e melhor momentos até agora no Governo…
“O pior momento até agora foi quando não tive dinheiro pra pagar os aposentados. O melhor foi quando vi que o metrô chegaria à Barra da Tijuca”.