De repente, está em todo lugar: no Face, no Instagram, na TV, no salão… em todas as conversas. Fora a cultura do estupro! As duas, O Corpo da Mulher como Campo de Batalha e Bonecas Quebradas, que retratam locais, mulheres diferentes, vão além de narrar casos de estupro. Expõem o terror e o horror da impunidade, da covardia, da solidão feminina, da total falta de amparo. E, sobretudo, a inexistência de alguma punição.
O inédito O Corpo da Mulher como Campo de Batalha, de Matéi Visniec, mostra o encontro de duas mulheres que se conhecem depois do conflito bósnio: uma terapeuta norte-americana (Ester Jablonski), impotente para utilizar suas técnicas psicanalíticas, e uma bósnia violentada (Fernanda Nobre), que reflete sobre o que lhe aconteceu e como poderá sobreviver. Ambas revelam suas histórias numa tentativa desesperada de encontrar forças para continuar suas trajetórias.
O drama documental Bonecas Quebradas conta a história de Ciudad Juarez, no México, onde, desde 1994, milhares de jovens desapareceram ou foram encontradas mortas após rituais de violação e violência. No elenco, Luciana Mitkiewicz, Lígia Tourinho e Ilea Ferraz, com dramaturgia compartilhada de João das Neves, Verônica Fabrini, Isa Kopelman. O cenário, adornado de bonecas de panos e telas que mostram imagens documentais, dramatiza as histórias, que são ainda mais dramáticas na vida real.
Assim, a intensidade das encenações, o forte empenho das atrizes, sem nenhuma concessão a uma interpretação realista, desenha que a vida pode ser ainda mais pesada do que imagina a ficção. São docudramas da desvalia do sujeito na contemporaneidade, em que se veem massivamente os atos mais impiedosos para os quais ainda não conseguimos que alguma hashtag encontre solução.
Serviço:
Sesc Copacabana
O CORPO DA MULHER COMO CAMPO DE BATALHA
Quintas aos sábados, às 19h e domingos, às 18h
BONECAS QUEBRADAS
Quartas aos sábados, às 21h, e domingos às 20h.