Aquilo de ligar pro médico, falar com várias secretárias, esperar retorno e coisas do gênero, ninguém quer mais saber disso, de jeito nenhum. Muitos médicos cariocas estão adeptos do WhatsApp. Dúvidas são esclarecidas na hora, o que facilita a vida. Roberta Bibas, bem instalada numa casa na Rua Jerônimo Monteiro, no Leblon, com muita gente conhecida entre seus clientes, é uma delas. Bibas é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology. Leia o que ela diz:
O que motivou você a usar o WhatsApp com seus pacientes?
“Isso foi começando meio sem querer … Os pacientes tinham o meu número, e, hoje em dia, ninguém mais liga pra ninguém… Eles começaram aos poucos, o que foi ficando cada vez mais frequente. Hoje, praticamente, não recebo ligações ou e-mails – é tudo por WhatsApp. Muitos médicos já fazem isso; a grande maioria, mais jovens”.
O importante é só lembrar que, muitas vezes, não podemos responder naquele minuto, estamos em consulta ou cirurgia. Eu, por exemplo, não paro o atendimento para ver o celular. E, às vezes, quando pego o telefone depois de uma ou duas consultas, a mesma pessoa me mandou a mensagem três vezes!
Como estabelecer limites para o uso do WhatsApp sem que sua vida pessoal seja totalmente invadida? Você estabelece um horário para o envio das perguntas? Em quanto tempo responde?
“Acho que, como tudo na vida, com limite, é um superparceiro! Dúvidas simples podem ser tiradas de forma muito mais rápida do que por telefone … Substituições de remédios é algo útil de ser feito por WhatsApp. Claro que isso não substitui a consulta! Muita gente manda foto de lesão na pele e é bem difícil fazer o diagnóstico só por foto. No caso dos pediatras, tem relatos hilários, do tipo mensagem de voz com a criança tossindo para saber se deve ou não tomar antibiótico… Fotos de cocô para dizer o que dar para diarreia. Fotos de lesões dermatológicas íntimas. Assim não vira parceiro, tem que ter limites. Para dúvidas, intercorrências, é excelente, mas não substitui o exame e a anamnese médica” .
Normalmente, o paciente envia fotos para esclarecer a dúvida?
“Muitas vezes, eu mesma peço ao paciente que me mande a foto quando ele diz que está com a pele vermelha ou ardendo… Só para eu ter uma dimensão do problema. A única dificuldade é que nem todas as fotos são nítidas”.
O que preocupa mais os cariocas em termos de dermatologia?
“As cariocas são muito preocupadas com tratamentos para flacidez, celulite e gordura localizada”.
A carioca está mais consciente das limitações da cirurgia plástica, ou tem paciente que quer praticamente mudar de corpo?
“Acho que os pacientes, no geral, estão mais conscientes de que não existem milagres, de que tudo é resultado dos tratamentos em casa, procedimentos feitos na clínica, estilo de vida, alimentação e exercícios”.
Por que ainda existem tantos casos de artistas que exageram no bocão? Não é possível fazer uma previsão exata do resultado antes do preenchimento?
“Acho que, tirando o caso recente da cantora Annita, temos visto menos esses excessos. As pacientes mesmo ficam apavoradas com a ideia de ficarem “bocudas”. Não sou contra preenchimento de lábios; sou contra os excessos. Tudo em pouca quantidade é válido. Eu mesma tenho na minha e adoro! “.