Quando Dilma Rousseff empossou os ministros em janeiro de 2015, escrevi um pequeno artigo perguntando quantos ali teriam sido escolhidos pela competência e o que mudaria na vida do Brasil se assim fosse. Disse ainda que como a Presidente não precisaria mais de favores políticos, não teria mais interesse em reeleição, então deveria ter “ousado” (essa atitude, que seria a correta, poderia ser tratada como uma ousadia, tão distante estamos disso) e surpreendido os brasileiros. Em vez de oferecer cargos para pagar aos partidos pelas dívidas de apoio na campanha, escolheria quem realmente tivesse currículo para ocupar os postos. Pode apostar que, se assim tivesse sido, se tivesse aberto mão de conchavos e fisiologismos, seu Governo não tomaria o rumo que tomou. Dilma poderia não ter sido afastada pelo Senado – com 55 votos a favor e 22 contra – como aconteceu na votação que começou nessa quarta-feira (11/05) e varou a madrugada até esta manhã. O País pode estar nesse caminho insustentável porque todos os presidentes (em maior ou menor escala) agem da mesma maneira. Analisando ministro a ministro do vice Michel Temer, que assume nesta quinta-feira (12/05) como Presidente da República, constata-se que a fisiologia está ali. Tanto é que Temer pensou até em nomear um pastor como Ministro da Ciência e Tecnologia, recuando depois das muitas críticas. A propósito, poucos foram escolhidos por mérito e sim por conveniência partidária, tal como ocorreu no governo anterior, ou seja, a conta sempre chega.