Mariana Kupfer é a mais nova de três irmãs de uma família tradicional judaica de São Paulo. Estudou comunicação na Faap, concluindo seus estudos nos Estados Unidos. Depois da perda do seu pai, em 1995, e de um período de luto insuportável, resolveu ir à luta. Fez inúmeros cursos de teatro e TV e, depois, seguiu a carreira de modelo, correndo atrás dos sonhos. Fez muitos trabalhos entre MTV, oficina da Globo, programa de rádio na Jovem Pan, na Band Sports (com o Silvio Luiz), na Rede TV e atualmente está muito feliz com seu canal no Youtube sobre maternidade, o “AMAR “, onde entrevista mães de perfis variados, que contam tudo que alguém precisaria saber sobre o assunto. Mas a maior realização foi a chegada da Victoria, sua filha de 6 anos e seu grande amor, através de um projeto independente. Mariana é pai, é mãe, é família, é amiga, é educadora, é assim considerada por muitos que a conhecem.
O que significa pra você uma produção independente? Por que essa escolha?
“Eu nasci para ser mãe – sempre foi um grande sonho. Eu namorava uma pessoa pela qual fui apaixonada, porém ele não queria filhos na época. Sabia de algumas amigas que tinham optado pela produção independente (cada uma pelo seu motivo) e resolvi fazer uma imersão sobre o assunto”.
Você conta que fez a inseminação no exterior. Por que essa preferência?
“Fui conversar com o Dr. Paulo Serafini, dono da clínica Huntington, uma das maiores e mais sérias do país. De cara, vi o projeto tomando forma, mas sabia que tinha um longo caminho a percorrer. Ele me indicou procurar bancos de sêmen e doadores na Califórnia, que eram referência, e o método o mais seguro”.
O que você sentiu ao procurar um banco de sêmen?
“Comecei a pesquisar dia e noite, prós e contras, e entendi que era uma coisa superprofissional. Nos Estados Unidos, os números impressionam. Você filtra a pesquisa, tipo: caucasiano, judeu, europeu, formado, personalidade, alto, baixo, negro, branco, olhos azuis, cabelo claro e assim vai… Você tem acesso ao histórico médico de três gerações pra trás. Ouve até a voz e tem muita informação sobre o doador. Também tem a parte burocrática, que protege os dois lados (um contrato gigantesco que ambos assinam, reconhecido pela Justiça daqui e dos Estados Unidos). Em nenhuma hipótese as partes terão contato pessoal. A partir da escolha, mandam-se relatórios à ANVISA, que autoriza a importação do sêmen. A partir disso, seu histórico médico é cruzado com o do doador, e o embriologista do Dr. Paulo faz esse trabalho de ” X e Y”. Me lembro que comecei a tomar as injeções e, no dia marcado, fui fazer o procedimento. Entrei na sala cirúrgica com a Karen, minha irmã, e falei pro embriologista: “Quero uma menina” – sexagem. Daí era com Deus mesmo, e entrava uma chance de 40%. Eu sou tão fértil e abençoada que fiquei grávida de gêmeos; infelizmente perdi um. Veio a minha Victoria, linda saudável e minha alma gêmea!”.
Dá pra ser pai e mãe; a criança pode crescer muito bem?
“Não acho que uma criança cresça bem ou mal por pais assim ou assado. Conheço casais de homossexuais e mães solteiras com filhos maravilhosos. Conheço também famílias que têm a chamada “filiação ideal”, cujos filhos são malcriados e problemáticos. Tudo depende da educação, amor e limites que são dados. Quando nasce um filho, nasce uma mãe. E posso afirmar: sou uma mãe apaixonada, realizada. O pediatra da minha filha, dr. Claudio Len, sempre me fala que vê de tudo em seu consultório, e que eu sou uma mãe ideal e exemplar. Não sei nem se isso existe – tenho meus momentos de solidão, medo e carência também. Procuro fazer o melhor que posso. A minha filha é um ser de luz, especial mesmo, que me ensina a ser cada dia uma pessoa melhor. Justo quando eu achava que ensinaria a vida a ela, veio ela pra mudar tudo! Sou uma mãe presente, daquelas que levam à sinagoga nos feriados judaicos, leva ao balé e à yoga e chora compulsivamente nas apresentações da escola!”
Fala de seus pensamentos mais verdadeiros sobre o assunto.
“Realmente fiz uma escolha intuitiva, mas que mudou minha vida pra sempre.Tenho contato com o médico Paulo Serafini até hoje, que diz ser meu fã e me conta que seu movimento na clínica para mulheres que queriam essa produção independente aumentou consideravelmente com a minha história. Fico feliz em saber que muitas mulheres não precisam dar o “golpe da barriga” ou engravidar de um qualquer só para dizer que o filho tem pai e mãe. Sei que muitos têm curiosidade sobre o assunto, e há muitos julgamentos. A maternidade me trouxe tanta segurança e maturidade, que me sinto plena! Meu amor e o da Victoria estavam escritos nas estrelas. Eu nasci para ser sua mãe, e ela nasceu para ser minha filha! Definitivamente, um encontro de almas”.