Em “Alice no País das Maravilhas – o Musical”, em cartaz no Teatro Bradesco, quando o personagem da Lagarta aparece, o público sente cheiro de incenso; na hora da dança, perfume de papoulas; e quando Alice nada no rio para encontrar com o Rato D’Água, o palco se enche de bolhas de sabão. O espetáculo também tem levitações e um telão de Led, de 14m x9m, que projeta cenários virtuais.
Acumulando as funções de diretor geral de dramaturgia, de arte e musical está o italiano Billy Bond, que, nos anos 70 e 80, era vocalista da banda punk Joelho de Porco. Com “Alice”, Billy chega à sua sétima montagem com criação inteiramente nacional. Desde que largou o rock, ele já produziu inúmeros musicais da Broadway e da Disney, como Rent, Os Miseráveis, Pinocchio, Peter Pan e a Bela e a Fera, entre outros. Antes disso, dirigiu o primeiro show solo de Ney Matogrosso e trouxe o primeiro show do Queen para o Brasil.
“Sou um músico, produtor, autor e intérprete, tenho várias facetas e uma delas foi o rock”, conta Billy.“Hoje tenho 72 anos, imagina eu pintado, cantando rock? Não seria um pouco ridículo?” Só livrando a cara dos Rollings Stones e de Paul McCartney, ele detona outros contemporâneos: “Tem muita gente voltando com muitas rugas, quase sem voz e sem a mínima condição física, para faturar uns trocados. É deprimente, lamentável, fellinesco, ver um velho dando uma de garoto roqueiro”, finaliza.
Totalmente dedicado à produção de musicais, Bond prefere não classificar esse tipo de espetáculo como infantil: “É coisa de gente grande, respeitamos as crianças e investimos muito dinheiro e tecnologia para contar as histórias, que tem músicas cantadas em português sem nada daquele lado operístico de musical, chato. Tem peça de muito ator de tevê conhecido que não tem nem um quarto da nossa produção”, conta. Nesta montagem de “Alice”, com 180 figurinos e cinco cenários, ele comanda cerca de 80 profissionais. A peça tem sessões até dia 24 de abril.