Uma deusa. Extraordinária. Jamais se viu nada igual. Honrou as tragédias gregas. Representou a paixão sem limite. Brigou, perdeu. Ganhou. Passou dos limites. Desafiou deuses, maestros, autores, diretores. Foi além. Voou como Ícaro e, como Ícaro, se tornou mortal. Essas são palavras que só cabem na maior personalidade feminina do século XX: Maria Callas. São todos esses atributos, questões, desafios que estão em MasterClass, com a magistral interpretação de Christiane Torloni de La Divina.
O texto de Terrence McNally, com encenação e direção de José Possi Neto e direção musical do maestro Fábio G. Oliveira, reproduz as séries de aulas Masters dadas por Maria Callas na Julliard School, em Nova Iorque, em uma encenação que equilibra fino humor, o bel-canto, tensão e distensão, o choque entre o velho e o novo, conservadorismo e vanguarda.
Para o autor Terrence McNally, sempre que se pensa o que se está escrevendo, é o que as outras pessoas querem ouvir de você, e que vai ser um sucesso comercial, está condenado ao desastre. A escrita tem de ser tão verdadeira e específica como podemos fazer isso. No minuto em que achamos que estamos chegando a mais pessoas e agradar-lhes, o que temos é o distanciamento do público.
Essa peça, especificamente, vai em busca de mostrar aquilo que as pessoas não querem ouvir ou mesmo se defrontar. Esse é o jogo de MasterClass: a maior de todas, em plena decadência, dilacerada pela dor do abandono, se dispõe a ouvir aqueles que têm o futuro pela frente – o que torna a atuação de Christiane Torloni um presente dos deuses. Sem medo de expor, a atriz nos traz o horror do drama pessoal, da traição, com uma nota sustentada sem tremor algum. Exatamente como fazia Callas em Medeia.
Serviço:
Teatro Clara Nunes
Sextas e Sábados às 21h
Domingos às 20h