Erasmo Carlos sobe aos palcos do Teatro J. Safra, em São Paulo, para fazer dois shows nesta sexta-feira e no sábado (26 e 27/02).
Erasmo Esteves, que adotou o nome “Carlos” em homenagem a Roberto Carlos e Carlos Imperial, começou sua carreira quando entrou na banda “The Boys of Rock“, com amigos da Tijuca, onde morava no Rio. Por sugestão de Carlos Imperial, o grupo passou a se chamar “The Snakes“, em 1957, ou seja, até agora, são mais de 50 anos de sucesso.
Antes de seguir carreira solo, Erasmo fez parte da banda Renato e seus Blue Caps, além de participar junto com Roberto Carlos e Wanderléa, do programa Jovem Guarda, onde tinha o apelido de Tremendão, imitando as roupas e o estilo de seu ídolo Elvis Presley. Baseado nessa época da vida do cantor, o filme “Minha Fama de Mau” acaba de terminar as gravações – com lançamento previsto para o segundo semestre de 2016. O artista está também escrevendo um livro de poesia, mesmo driblando a morte do filho Alexandre, em maio de 2014, mas mantendo a força e a alegria.
Em junho de 2015, você lançou o álbum ao vivo “Meus Lados B”, com canções menos ouvidas do seu repertório. Foi uma boa decisão?
“Meu Lado B foi uma excelente decisão porque fiz uma coisa que eu queria há tanto tempo. Historicamente foi bacana, por exemplo, pelas músicas que fizeram pra mim e muitos não sabiam. “De noite na cama” é um exemplo; o Caetano fez pra mim. E assim, várias curiosidades. Eu apresento só metade; a outra metade são sucessos antigos. Vamos ver se satisfaço as duas correntes de fãs. Não sei como vai caber SP inteira. Perdoei a uns poucos fãs que foram a essa banda que está começando agora, os Rolling Stones.”
A dor pela de um filho cicatriza, muda, evolui?
“A dor fica, ela se acomoda, mas é um sofrimento pra vida toda. A pessoa não fica inteira de novo, vira um pedaço de si. Mas sigo vivendo, fazendo as mesmas coisas, sempre dentro de mim a saudade – o que não significa depressão, é diferente”.
Você já contou ter sido alcoólatra. Que mensagem você mandaria para quem ainda vive a mesma situação?
“Minhas sugestões para alcoólatra são: beba leite, beba caldo de cana, beba mate. Esse vício é reversível – como eu consegui, outros conseguem. Isso não se resolve da noite pro dia, mas, com força de vontade, a gente acaba conseguindo. O homem pode quando quer, basta ter força”.
Em 2014, “Gigante Gentil” levou o Grammy Latino de melhor álbum de rock. Os prêmios mudam muito a vida do artista?
“Esse prêmio, já disputei várias vezes; foi o primeiro que ganhei. Parece ser um reconhecimento de trabalho, mas foi disputa mesmo, o que acaba virando um incentivo”.
No final deste mês, você vai fazer dois shows em São Paulo, e já tem outros dois marcados para março e abril. Como se prepara quando chega época de trabalho pesado?
“Estou sempre preparado pra qualquer trabalho; estou escrevendo um livro de poesias. Vai ter o lançamento do filme, estou aí na estrada”.
Cite algumas razões para alguém comprar seus CDs. Por que você, Erasmo, ouviria Erasmo Carlos?
“Ah, pela boa qualidade (rsrs), tanto assim que ganhei o Grammy. A música pra mim não é só entretenimento – ponho minha alma ali. Não ligo para a parte comercial. Ouviria assim, intimamente; é maravilhosa pra hora do sexo, mas só uma pessoa sabe”.
Nessa sua faixa de idade (74 anos), o sexo vai bem?
“Logicamente não dou mais cinco numa noite, mas ando bem satisfeito”.