O microempreendedor Emerson Gama, produtor de chocolate artesanal há quatro anos – um chocolate que tem, entre seus admiradores, a premiada chef Teresa Corção, presidente do Instituto Maniva – ainda não sabe o que é crise no setor. Este domingo, na Junta Local, na Casa da Glória, ele vendeu ainda pela manhã todos os 450 tabletes que levou da sua marca Quetzal.
Emerson chegou a ficar preocupado com o anúncio, pela Receita Federal, de que em maio vai aumentar a tributação dos chocolates, sorvetes, fumos picados, cigarros e rações para cães e gatos. “Antes, pagava-se 12% sobre o quilo do produto. Agora, o imposto é de 5% sobre o valor de venda. Um tablete de R$ 20, que é meu preço médio, vai pagar R$ 1 de imposto”, conta o produtor, que já criou 60 tipos de chocolate.
Apesar da taxação pesada, ele não pretende aumentar seus preços para o consumidor. “Não fiquei desestimulado, porque sou idealista, mas estou pensando duas vezes se vale a pena investir mais neste momento”, diz. O que ele chama de idealismo é a vontade de tornar conhecido o que chama de “chocolate de verdade” – o doce feito com cacau e açúcar apenas, sem glúten, sem lactose ou soja. “Hoje, o que temos no mercado é um doce com sabor de cacau, mas que contém um monte de porcarias na composição, tipo soro de leite, polirricinoleato, lecitina de soja transgênica, leite em pó, gordura de palma, palmiste e hidrogenados em geral”, explica.
Mas o chocolateiro não se impressionou só com a boa vendagem do seu estande. A maioria dos produtores da Junta Local esvaziou suas bancas de comida bem cedo, para surpresa geral dos comerciantes, que achavam que, por ser pós-carnaval, o movimento seria fraco.