Sentada numa cadeira o tempo todo, por causa de um problema na coluna, a cantora Elza Soares encerrou, nessa quarta-feira (13/01), a terceira temporada do projeto Trampolim, no Oi Futuro de Ipanema, com a mente a mil. No bate-papo com o pesquisador musical Marcus Preto, ela não se esquivou de nenhuma pergunta sobre sua vida pessoal e carreira. Levou a plateia ao delírio ao fim da música “Maria da Vila Matilde” (que tem o verso: “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”) declarando: “Isso é um protesto, muita mulher que está em casa apanha do marido e não tem coragem de denunciar. Eu dou o número e digo denuncie, porque não pode acontecer mais isso! Não tem mais graça! Às vezes não é nem a porrada, mas os palavrões, a maneira de falar. A mulher não pode mais passar isso! Chega, chega!”
Elza também fez a plateia rir quando disse, sem muita convicção, que gosta das duas biografias escritas sobre ela. “Na biografia você tem que falar a verdade, e você acaba falando o que é conveniente. Vou fazer uma biografia que vai ser censurada, vocês vão ver! A capa, então, vai ser um horror!”
Outra parte de destaque da entrevista de destaque foi quando Elza contou que até hoje não entendeu porque foi expulsa do país pela ditadura militar. Elza e Garrincha foram para a Itália na década de 70 e Chico Buarque e Marieta Severo, que já estavam por lá, exilados, receberam os dois. “Chico foi meu grande amigo na Itália”, disse Elza, agradecida. Marcus Preto insistiu para saber o motivo da expulsão: “Foi a relação de vocês (Garrincha era casado quando conheceu Elza), atentado ao pudor?”. Ao que Elza respondeu, entre incrédula e irônica: “Atentado, gostar de homem?” levando, em seguida, a mão aos lábios: “Cheguei até a ficar com a boca molhada..” O público, que já tinha começado a rir, deu uma grande gargalhada.
O próximo show da cantora no Rio, que está fazendo muito sucesso com seu último CD, “A mulher do fim do mundo”, será no Circo Voador, em março.