A estátua de Noel Rosa, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, foi alvo de vandalismo novamente, como sabido. Os criminosos arrancaram o braço esquerdo, o pé e o sapato da estátua de Noel, e o braço do garçom. Acontece sempre a mesma coisa, por exemplo, com a estátua do Drummond, em Copacabana. Segundo consta, a Prefeitura do Rio gasta mais ou menos R$ 3 milhões por ano, com consertos de obras públicas, monumentos e mobiliário urbano.
O que está por trás dessa crueldade? Algumas opiniões: o professor de Cabala, Shmuel Lemle, afirma: “Isso é para descontar a frustração, o vazio, a frivolidade, a raiva, a covardia”.
Angela Batista, doutora em psicanálise: “Vivemos uma época da queda das autoridades. Um mundo sem as leis necessárias para a vida, onde os laços seriam regulados. Penso ser um apelo à lei. É difícil dissociar o sujeito do seu contexto. Cada um tem seus motivos inconscientes para a pulsão destrutiva. Com o momento atual e o desgoverno, o sujeito fica adoecido do laço social.”
Manoel Thomaz Carneiro, também psicanalista: “Toda a raiva que uma pessoa carrega tem que encontrar um lugar fora. A revolta do mundo atual está associada a uma sociedade sem ídolos e referências morais. A agressão às estatuas tem nesse vandalismo uma expressão de desconstruir as referências de poder e sucesso. É uma forma de inveja dos passados bem-sucedidos diante de amanhãs sem esperança.”