O ator Ricardo Tozzi estreia, nesta quinta-feira (01/10), no Teatro Sesc, em Copacabana, como Orestes, na peça “Electra“, às 20h30.
Ricardo, que participou de mais de 15 trabalhos na TV Globo, acabou de fazer 40 anos. Nascido em Campinas, São Paulo, e formado em administração, ele trabalhava como executivo da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e, apesar de ser bem-sucedido e ganhar um salário invejável, decidiu largar tudo para virar ator.
Depois de quatro anos fazendo curso de teatro e algumas peças amadoras, Tozzi foi aprovado na Oficina de Atores da TV Globo, quando se mudou para o Rio. Já no primeiro ano, em 2006, atuou em duas novelas, “Bang Bang” e “Pé na Jaca”. Seu grande sucesso popular foi em 2012, na novela “Cheias de Charme”, onde interpretou dois personagens: o motorista romântico Inácio e o cantor Fabian. No teatro, teve poucas e boas experiências, nas peças “Colapso”, com direção de Hamilton Vaz Pereira, e “Hell”, ao lado de Bárbara Paz e dirigido por Hector Babenco.
Tozzi vai mostrar sua versatilidade na primeira tragédia grega. No papel de Orestes, ele vai ajudar a irmã, Electra (Rafaela Amado), a se vingar da mãe, Clitemnestra (Camilla Amado), que, com o amante Egisto (Alexandre Mofati), assassinou o pai dos dois.
O premiado João Fonseca dirige o espetáculo, uma homenagem a Antonio Abujamra, morto em abril, que dirigiu essa mesma peça há exatos 50 anos e foi diretor da companhia Os Fodidos Privilegiados, da qual Rafaela Amado é uma das fundadoras.
Leia a entrevista de Tozzi – cujo talento vai bem além do físico.
Por que aceitou participar de uma tragédia grega? A maturidade dos 40 anos colaborou pra isso?
“Pra mim, a vida é trágica: sempre entendo o ser humano como animal. Em momentos difíceis, agimos com o instinto. A comédia vem da tragédia – rimos do reconhecimento do que é trágico na gente. Na verdade, gosto de tragédia; já li bastante sobre isso. Sem querer tirar o romantismo da vida, a tragédia é nossa essência. O que me agrada na Electra é que fala da não impunidade. Uma das minhas últimas falas da peça é “temos que acabar com os que abusam do poder”, ou seja, completamente atual. Defendo que fazemos as escolhas e temos de arcar com as consequências. Quem não está saturado com a impunidade?”
Palco com a Camilla Amado é uma escola?
“Respirar com a Camilla Amado é um oráculo. Ela tem uma bagagem investigativa com toda a sensibilidade do mundo. Sempre digo que é uma atriz (das maiores) com um espírito muito desenvolvido.”
Você é muito vaidoso? Como cuida do corpão, adorando doces?
“Tenho genética que favorece, pois como mesmo. A mesa é o segundo prazer da vida; pensando bem, às vezes é o primeiro (rsrs). Sempre fui esportista – o movimento gera energia; tenho certeza disso, testado em mim mesmo.”
Em que você gosta mais de gastar dinheiro?
“Sou muito ‘gastão’ (essa palavra não existe, mas mantivemos por ser muito boa). Acho que dinheiro é pra trazer conforto. Com o que mais gasto é viagem. Mas, ultimamente, gasto mesmo é com minha casa na Serra (em Secretário). Como estou gastando nessa obra!”
Você é um paulista que já se adaptou ao estilo de vida carioca?
“Sou um paulista que mora no Rio, mas moro feliz. O jeito de pensar é diferente, mas estou muito bem adaptado nesses 10 anos na cidade carioca. A rotina de amizade de São Paulo é uma; no Rio, é outra. Tudo aqui é mais displicente, mais ao acaso. Em São Paulo, existe o hábito, a gente promove os encontros. Mas preciso dizer que acordar no lugar mais bonito do mundo é uma diferença.”
Fala mais de Electra!
“A peça tem me trazido muito o prazer do meu ser artista. Junto a isso, tem o João Fonseca, que é um diretor incomparável, a Rafaela e a Camilla juntas, o Francisco Cuoco, que também admiro tanto… Muito bom estar trabalhando com uma gente tão séria, fazer parte desse grupo. O elenco todo é maravilhoso; vocês vão ver. E quase ninguém mais quer fazer tragédia, né?”