Pelo visto, Mark Zuckerberg só queria promoção ao postar sua foto no Facebook com as cores do arco-íris, quando, em junho, a Suprema Corte dos EUA legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ou é o caso do empresário não estar por dentro de tudo que seus funcionários do Facebook andam fazendo por aí. O certo é que a rede social vem bloqueando ou mudando o nome social de transexuais para o nome da carteira de identidade nos perfis.
No Rio, a cabeleireira Cristiany acredita que foi vítima de uma denúncia ao receber um comunicado do Facebook acusando-a de falsidade ideológica. “Expliquei que era transexual e, mesmo assim, mudaram meu nome. Achei uma afronta, ia desfazer meu perfil, mas tenho tantas fotos que fiquei com pena. Eles pediram minha identidade, mas lógico que nela está meu nome masculino. Me bloquearam e disseram que voltariam com meu nome de batismo no perfil. Também sei de amigos transformistas que usam nome feminino e receberam o bloqueio. Pensei em processar, mas como?”
E não é só quem mora no Brasil que está sendo perseguido pela rede. A trans Beatriz, moradora de Milão, fez um novo perfil, também com nome feminino, logo que foi bloqueada. Até agora, ela ainda não foi incomodada novamente.
Já Carol Zwick, Miss Brasil Gay 2010, se consultou até com uma advogada na Suíça, onde mora, que redigiu uma carta em seu nome. “Eles estão com o maior descaso, não respondem, volta sempre a mesma resposta automática ‘anexe um documento que possua no nome que está na sua página’. Vou ver se faço um vídeo e vou pedir para meus amigos compartilharem. Isso é um constrangimento, um absurdo, estão me expondo a situações de vexame.”
Aleikasandria da Silva Barros foi uma das poucas transexuais que conseguiram manter o nome social. Ao enviar a documentação pedida pelo Facebook, ela também mandou um email sobre a “invasão” e o direito que as pessoas transexuais têm de usar o nome social. “Conforme já foi notificado no Diário Oficial em todo o território nacional”, acrescentou Aleikasandria, que mora em Pernambuco e é ativista dos direitos trans. Ela também comunicou à rede que a exposição pública desnecessária poderia deixá-la ainda mais vulnerável a situações de preconceito e violência. “Depois de uns cinco dias bloqueada, pude voltar a usar o Face. O que pude notar é que, quando a pessoa trans não tem o que argumentar ou não está ciente dos seus direitos, muitas vezes é negado a ela o uso do nome social”.