A teoria lacaniana, elaborada pelo médico francês Jacques Lacan, é considerada a mais sofisticada de todas as teorias psicanalíticas. Dentre seus conceitos pilares, está o chamado “Em nome do pai”. Assim, é com muita curiosidade que queremos assistir ao que Sibylle Lacan, a filha rejeitada do autor, tem a dizer sobre ele. É esse quebra-cabeça, um superquebra–cuca, que Ana Beatriz Nogueira encena no monólogo “Um pai”.
A partir da adaptação de Evaldo Mocarzel, Ana Beatriz desenha, à meia-luz, a mágoa, a tristeza, o abandono, a desvalia – uma relação desencontrada que acha na atriz uma interpretação que permite compreender o ditado “casa de ferreiro , espeto de pau”, pois Lacan, como pai, é frio, distante, ausente… praticamente, um pai sem nome.
“É um grito de amor. Sibylle é pura demanda não atendida. “Sou o fruto do desespero; alguns dirão do desejo, mas nesses eu não acredito”. Era assim que ela se autodefinia”, conta Ana Beatriz Nogueira. A direção de Vera Holtz e Guilherme Leite Garcia faz com que da penumbra apareça uma mulher que se ilumina.
É claramente perceptível como uma criança não consegue crescer quando não teve a mão do pai para segurar e impedir seus tombos. E, mais ainda, como a palavra “pai” não é apenas um significante, mas um significado que só pode existir quando o seu sentido é dado pelo amor sem fronteiras, que só o verdadeiro pai consegue dedicar.
Serviço:
Centro Cultural Banco do Brasil
Sextas, sábados e domingos às 19h30