Se Chico Buarque saiu de casa para assistir, no sábado (25/04), ao show do português António Zambujo no Vivo Rio, nesse domingo (26/04) foi a vez de Maria Bethânia, também conhecida por pouco frequentar o circuito de shows e teatros cariocas, ir até o Oi Futuro, no Flamengo, para assistir à última sessão da peça “Krum”. Em cena estava Renata Sorrah, grande amiga da cantora.
A peça, estreia do autor israelense Hanoch Levin (1943-1999) em palcos brasileiros, abriu a programação dos 10 anos do Oi Futuro no Flamengo e é o segundo projeto produzido por Renata Sorrah com a Cia Brasileira de Teatro, de Curitiba. O texto foi escrito nos anos 1970 por Levin, na época um jovem autor influenciado por Tchecov e Beckett, e que, no período de sua vida, passou por sete guerras.
“’Krum’ é uma peça com dois enterros e dois casamentos. Não existem grandes feitos, tudo é ordinário”, conta o diretor Marcio Abreu. “É uma peça sobre pessoas. O que está em jogo é a matéria humana”. Abreu compara a época de Tchecov, o Beckett do pós-guerra e o Levin do final do século XX com os dias de hoje. “Enquanto o mundo turbulento destila suas violências, as pessoas tentam seguir suas vidas, muitas vezes, sem brilho, confinadas em suas casas ou alimentando expectativas, sonhos de consumo, esperança de dias melhores’, analisa. A peça, que teve grande receptividade de público e crítica, agora parte para São Paulo.