É uma ópera? É uma peça? É um musical? É um casamento? Nada disso. É “As Bodas de Figaro“. A partir do texto de Beaumarchais e das músicas da ópera de Mozart, Daniel Herz, o diretor/realizador , faz uma mistura de gêneros, para encenar esta peça ,pela primeira vez, no Brasil. A mistura está no elenco, jovens e estreantes – atores como Tiago Herz, ao lado de veteranos como Ernani Moraes; nos figurinos, com elementos atuais como body e tenis, com os clássicos calções bufantes masculinos.
Leandro Castilho, que encarna Figaro, é também o diretor musical. Mais uma vez, mesclar é o elemento que sobressai. E funciona. Os 13 números musicais, criados a partir das composições de Mozart, formam um painel de brasileirice: baião, samba, maracatu. Os instrumentos formam uma orquestra da qual todos os atores participam: do clássico piano à viola caipira e todo tipo de percussão, como os nordestinos triângulo e zabumba.
“A peça toca em temas como o desejo; a relação que pessoas com poder exercem sobre outras – dentro de um país em que não se dá prestígio aos políticos, onde paira a impunidade. As músicas também dialogam com estilos musicais mais próximos hoje em dia. É extraordinário o trabalho de Leandro Castilho: o público se vê diante de Mozart e aceita a música com prazer, fala Tiago Herz, que estréia no papel de Querubino, o confuso e ambicioso jovem criado.
As confusões são típicas de um teatro bem-humorado, mas que pretende criar um laço com a plateia pela torcida para o final feliz de todos os personagens. Essa graça e essa leveza, além do excelente trabalho musical, nos transporta para um tempo no qual rir e ter prazer é o único e honesto objetivo.
Fotos: Paula Kossatz
SERVIÇO:
Casa de Cultura Laura Alvim
Sexta e sábado, às 21h
Domingo, às 20h.
E é hoje só, amanhã não tem mais
Piquenique no Front
Grátis às 20 horas
Arena Carioca Jovelina Pérola Negra
Com tradução e direção de Jacqueline Laurence, a peça “Piquenique no Front” de Fernando Arrabal, um marco do teatro do absurdo, está acontecendo grátis nas Lonas Culturais.
Com Alexandre Lino, Leo Campos, Mariana Martins, Diogo Pivari, Tom Pires e João Fraga, é uma oportunidade e tanto de ver um dos melhores textos da dramaturgia mundial.