Irascível, grosseirão, mal-humorado, atrapalhado. Zoador emérito. Tocava uma buzina e a zorra. Detestado pela gente de mau- humor, amado por quem gosta do simples, dos pequenos prazeres. Chacrinha, senhor dos palcos, patrono e padrinho de tudo que podia ser marginalizado. Como ele próprio, nordestino, voz fanhosa, espalhafatoso. Eternamente na contramão da ordem e dos bons costumes. E é esse Chacrinha que está presente em ‘Chacrinha o Musical’.
A partir da primorosa pesquisa de Carla Siqueira, Pedro Bial fez o roteiro, depois dramatizado por Rodrigo Nogueira. Com direção de Andrucha Waddington, são 22 atores/bailarinos/cantores em cena, se multiplicando nos papéis dos pais, dos filhos, dos amigos, dos chefes e, sobretudo, da fauna e artistas que frequentavam o Cassino e a Buzina. E no papel de jovem Abelardo está o promissor ator Leo Bahia. O Chacrinha fantasiado, gordo, o da pança é interpretado pro Stepan Nercessian, que revive o velho guerreiro.
“O importante para mim, neste trabalho, foi fazer um musical que saísse da caixa, ou seja, algo novo. Só assim conseguiria honrar o espírito do Chacrinha. Dirigir como se fosse um filme, que é a atividade com a qual estou acostumado. Fiz dois planos sequências. Ambos os trabalhos partem do mesmo ponto fundamental, que é a dramaturgia”, explica Andrucha.
A trilha sonora de 60 canções mostra que já houve um tempo que o politicamente incorreto nos divertia, encantava crianças, velhos. Ocupava as monótonas tardes de sábado. Trazia-nos alegria. Pois aprendemos sempre: quem não comunica se trumbica.
Serviço:
Teatro João Caetano
5ª e 6ª, às 20h
Sábado, às 16h e às 20h
Domingo, às 19h.