Decidimos publicar na íntegra o depoimento da decoradora Cristina Brasil sobre o roubo da sua bicicleta:
“Esta tarde (terça-feira, 27/01), às 16 horas, decidi passear com aquela bike linda que ganhei do meu filho, pela primeira vez. Desde que ganhei venho resistindo ao passeio graças ao meu último trauma e por saber exatamente como anda a situação nas ruas e ciclovias da cidade maravilhosa! Mas esta manhã pensei bastante, olhei para ela e decidi vencer o medo e parti para a minha obra na Av. Rui Barbosa pelo Aterro do Flamengo, na companhia do meu IPOD e do Sandro, meu amigo e assistente, que pedalava uma bicicleta Itaú. E na tarde azul e ensolarada no verde dos jardins de Burle Marx, em uma subida sinuosa por onde se pedala com mais esforço, por detrás de uma árvore frondosa, surgem quatro elementos armados com facas e me rendem sem escapatória. Ainda vislumbrei a possibilidade de sair na porrada com todos eles, já que eram magrinhos e na faixa dos 20 anos. Porém suas facas e canivetes brilhavam ameaçadores me fazendo repensar e descer da bike, enquanto um deles enfiava a mão em meus peitos para roubar o que ele pensava ser o meu celular. Era o meu IPOD.
Não havia polícia desde a Urca. Atravessei correndo a pista do aterro, em meio aos carros, em busca de socorro, uma vez que os pivetes ainda me ameaçavam com suas armas brancas. Por pouco não fui atropelada. Tudo isso para chegar próximo a uma joaninha, onde na sombra e em grupo, policiais batiam um papinho gostoso do outro lado do universo e por onde as prostitutas fazem ponto. Ainda vermelha de cansaço e calor pedi que me ajudassem, quando um deles responde: liga para o 190. Não resisti à resposta: pensei estar falando com ele! Muito obrigada! Respondi virando as costas para aqueles que, eu não duvido, estarem mancomunados com os bandidinhos! Para me darem essa resposta? Pensem um pouco!
Há quatro anos vendi meu carro para não correr mais riscos e aproveitar o que a cidade deveria me dar em respeito aos $$$$$ que me tomam, sobretudo! Não posso mais ter carro. Não posso mais ter bicicleta. Não posso mais ouvir música. Não posso mais nada! Meu carro precisa ser uma merda. Minha bicicleta outra merda. E a minha música tem que ser de quinta também se eu quiser ter um pouco de paz!”