Rozane Monteiro morreu esta semana, causando uma comoção enorme no meio jornalístico. Nesta terça-feira (05/08), o diretor de redação do jornal O Dia (onde ela trabalhou anos), Aziz Filho, publicou no Facebook uma carta de despedida para a sua competente ex-editora de Polícia e Política. Pela beleza do texto (e talvez pelo inusitado da situação), muitos jornalistas ficaram emocionados com as palavras de Aziz.
Segue na íntegra o texto: “Quero compartilhar a manhã de hoje com todos os amigos da Rozane Monteiro. Como muitos de vocês, acordei culpado. Pela intimidade que tínhamos, eu deveria ter lido a maluquice no tom de voz dela ao telefone e corrido pra lá, arrancá-la da depressão, dar uns tapas se fosse preciso. Poderia tê-la visitado mais no cafofo, jogado a bebida dela fora mais vezes, mesmo sob palavrões. Poderia ter levado algo leve pra ela comer, tê-la obrigado a sair para fotografar, viajado com ela, trazido pra minha casa pra cuidar daquela cabeça destrambelhada. Qualquer um de nós poderia ter feito isso. Mas não ia adiantar. Não sei se acredito em vida depois da morte, mas alguma energia de outra esfera trouxe hoje um pouco de alívio a esses pensamentos carregados. Foi como se ela dissesse: “Para com isso, Frô, deixa de ser metido a besta que você não tem esse poder que pensa sobre mim. Eu lá sou mulher de deixar de fazer alguma coisa que eu quero fazer?” E entendi que não tinha mesmo. Nenhum de nós tinha. Estava escrito. Rozane sempre foi senhora de seu destino. Nem impedi-la de sair do Dia eu consegui. Quando enfiava um troço na cabeça, Deus me livre e guarde. “Rozane, vc tá falando palavrão demais. Não fica bem pra uma moça de Minas.” “Desculpe chefe, vou tentar me conter. Mas se eu fosse moça todo mundo tava querendo me pegar. Dá pra ver que eu não sou mais ou você já não enxerga bem? Então vá à merda que você não é mais meu chefe, porra.” Era assim. E agora a gente tem que fazer o que eu dizia pra ela fazer (e, claro, ela não fazia): um dia de cada vez, uma conquista, depois outra e outra. A primeira coisa agora é parar de chorar.”