Fase de grandes perdas – em menos de uma semana, morreram João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e, na tarde desta quarta-feira, Ariano Suassuna, aos 87 anos, no Hospital Real Português, em Recife (o escritor paraibano vivia em Pernambuco desde 1942). Suassuna estava internado desde essa segunda-feira, quando sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico.
Esse paraibano, apaixonado pela literatura, pela cultura brasileira e pela mulher, Zélia (com quem vivia há 57 anos), leva consigo a simplicidade, a originalidade, a autenticidade, e deixa muito para o Brasil. Quem já assistiu a uma das suas aulas-espetáculo, como a que deu na última sexta-feira em Garanhuns, jamais vai esquecer, tanto quanto o “Auto da Compadecida”, “A pedra do reino” e outros tantos trabalhos.
O sertanejo, formado em Direito, e membro da Academia Brasileira de Letras (que não costumava frequentar), disse em 2002, ao ser enredo da Escola de Samba Império Serrano, que não podia querer homenagem maior do que aquela.
O presidente da Academia, Geraldo Holanda Cavalcanti, e Evanildo Bechara, vão representar a ABL no enterro – o local ainda não foi definido. Para Geraldo, Ariano “reunia em sua pessoa as extraordinárias qualidades de homem de letras e de intelectual no melhor sentido da palavra – alguém que, dispondo de uma cultura invulgar, era, ao mesmo tempo, um homem de ação. À sua maneira, ocupava-se e preocupava-se com os problemas sociais”.
Suassuna teve os filhos Joaquim, Maria, Manoel, Isabel, Mariana e Ana, e deixa 15 netos. Ariano era sócio de um clube bem fechado e de poucos membros: o dos homens que falam o que pensam.