O que faltou à Dilma Rousseff para não ter feito o discurso de abertura da Copa, quebrando um protocolo de 30 anos? Todo mundo imaginava que a Presidente da República fosse vaiada, por razões óbvias – ela também sabia disso. Com a equipe de Marketing que a cerca, paga a peso de ouro, não teria um jeito de Dilma fazer seu papel, com um pronunciamento curto, sabendo que seria vaiada, mas já com argumentos na manga (supondo que os tenha?).
Não seria o caso de chegar com a cara na vitrine (e não disfarçada), entubar as possíveis e esperadas vaias? Estaria Dilma envergonhada pelo quê? Pelo número de estádios construídos? Por dividir os jogos em 12 cidades em vez de 8, como pede a Fifa? Por ter consciência de como anda a saúde e a educação? Seja pelo que for, não era para Dilma ser pega desprevenida – ou foi ali buscar o que queria evitar?
Político prefere aplausos, mas não pode ter medo de vaias. Qualquer vaia não seria mais ameno do que o coro repetido no Itaquerão “Dilma, vai tomar no cu”? A resposta à pergunta de cima é: o que faltou a Dilma foi valentia, na mesma proporção em que faltou civilidade e educação à grande parte dos torcedores (afinal, ela foi eleita pelas urnas). Valentia combina muito bem para determinados cargos ou para qualquer situação, ou para a vida.