Vera Araújo, a jornalista de O Globo, que foi presa na tarde desse domingo (15/06) por um policial militar (sargento Edmundo Faria), quando tentava filmar um torcedor argentino supostamente preso por fazer xixi na rua, é uma repórter conhecida, não só por sua ética, empenho e competência. Pouca gente sabe, mas foi Vera a inventora da expressão “milícias”, que ganhou as redações, o Brasil e os dicionários.
O que aconteceu com Vera nesse fim de semana é de deixar qualquer um perturbado, seja ou não imprensa: irritado com a filmagem, o sargento, que faz parte do grupamento responsável pela segurança durante a Copa, ordenou que ela desligasse o aparelho. Responsável pela segurança durante a Copa?
Embora Vera tenha apresentado a sua identificação profissional, o sargento decidiu prendê-la por “desacato à autoridade”. Depois de levar Vera da patrulha, Edmundo Faria rodou com ela no carro por mais ou menos 1 hora pelas ruas de Benfica, São Cristóvão e Jacaré. Imagina o que não passou pela cabeça de Vera enquanto supunha o que estaria também passando na cabeça do PM, logo ela, habituada a apurar crime e segurança pública.
A repórter contou, nesta manhã, que o policial foi extremamente agressivo ao prendê-la e jogou seu celular no painel do carro em que estavam, antes de parar a patrulhinha e algemá-la. “Veio a lembrança das entrevistas com pessoas que sofreram abuso de poder por parte de policiais descontrolados, que se acham acima do bem e do mal. Tive medo de desaparecerem comigo e com o argentino. Imagina: ficar incomunicável, algemada, em cárcere privado dentro de um carro da PM, com três policiais, rodando por mais de 1 hora!” E completa: “A minha vida estava nas mãos dele, um policial descompensado, que só sabia gritar. Tive medo da morte.”, afirma à coluna. Como você pode perceber, Vera Araújo está viva.