A escritora, terapeuta e consultora Anna Sharp é neta de Anna Emília Ribeiro de Assis e de Dilermando de Assis. Sua avó, nascida em 1872, foi pivô de um dos mais famosos crimes passionais da história do Brasil, ao viver um triângulo amoroso com o escritor Euclides da Cunha, então seu marido, e o militar Dilermando de Assis. Euclides surpreendeu Dilermando e Ana na casa onde eles se encontravam e atirou em Dilermando, mas esse, mesmo ferido, conseguiu assassinar o escritor a tiros. A tragédia aumentou sete anos mais tarde, quando Euclides da Cunha Filho quis vingar o pai e também acabou morto por Dilermando.
O que acaba de acontecer com Anna Sharp é, também, um fato tão incrível quanto a história de sua avó: chegou às suas mãos o diário de Anna de Assis, que a família sabia existir, mas nunca havia encontrado.
Ela conta: “Meu tio Luís de Assis afirmava ter queimado o diário, a pedido de minha avó, várias folhas escritas por ela sobre a dolorosa tragédia vivida com Euclides da Cunha e Dilermando de Assis. Há dias, fui dormir me questionando se deveria terminar o livro que estou escrevendo sobre a vida deles, Vozes do Passado, parado há cinco anos. Fiquei me perguntando se não deveria deixar os mortos descansarem em paz”.
Anna diz que rezou muito para a avó, pedindo um sinal e, três dias depois, recebeu um email de um desconhecido, Luís Henrique de Oliveira, de Belo Horizonte. Na mensagem, estava escrito: “Tenho o maior interesse de passar para você o que tenho em mãos, uma herança escrita de próprio punho de sua avó. Não quero suspense. Descobri que essa sempre foi a vontade de meu pai, já falecido”.
Esse fim de semana, Anna Sharp recebeu em casa esse descendente do advogado Gregório Garcia Seabra Júnior, que foi um dos defensores de Dilermando. Luís Henrique entregou à Anna os manuscritos, que ela assim define: “São o sinal de uma Voz do Passado que eu tanto esperava!” Anna (Sharp) está sofrendo a cada página.