Houve um tempo no Brasil em que o riso, risonho e franco, era por qualquer coisa – virava uma gargalhada, um sacudir de corpo. Bordões ganhavam as ruas, incorporavam-se ao cotidiano. Foi a grande era dos comediantes brasileiros: Oscarito, Grande Otelo, Sonia Mamede, Dercy, Zezé Macedo. E Zé Trindade, que reinava absoluto, sem escada e sem par. Seu par era a mulher bonita que passava, o broto que andava por aí.
E, mais uma vez, Eduardo Barata idealiza contar a vida de um desses grandes. Com texto de Artur Xexéo e direção de João Fonseca, “Zé Trindade: A Última Chanchada” mistura a linguagem de chanchada, a brincadeira de comédia do cinema brasileiro urbano dos anos 50, com musical, sitcom. Tudo misturado, a ação se passa no Céu e na Terra, tem a figura de Chaplin como grande filósofo, no ontem e no hoje. Como requer um bom vatapá, prato preferido do baiano Zé Trindade.
Com 16 anos de carreira, João Fonseca, que já dirigiu 40 espetáculos, comenta: “Esse trabalho é muito diferente dos anteriores que fiz: é um musical pequeno, mas tem a cara da comédia. Quem conheceu Zé Trindade vai relembrar e quem não conheceu vai ficar curioso para saber mais sobre ele. As pessoas devem admirar nossa história, nosso teatro e todos esses personagens que foram fundamentais para a formação do humor no Brasil”.
Um elenco pra lá de talentoso, capitaneado pro Paulo Mathias, um perfeito Zé Trindade, sem exageros e trejeitos; Alice Borges faz Dercy Gonçalves; Rodrigo Fagundes – o melhor imitador da atualidade -, Rodrigo Nogueira, Helga Nemeckzy, Alexandre Pinheiro, Luisa Viotti e Nêga, que nos faz rir de ter asma. Mais importante do que homenagear o passado é trazer esse presente para as plateias, como diria Zé Trindade: “Caiu na risada, considero castigada”. E ver “Zé Trindade: a Última Chanchada” é só risada.
Serviço:
Teatro Laura Alvim (Ipanema)
De quinta a sábado, às 21h
Domingo, às 20h