A poetisa, filósofa, psicanalista e escritora Viviane Mosé é uma personagem que não dá pra perder de vista: está sempre fazendo alguma coisa interessante. É uma dessas pessoas com quem conversar, pouco que seja, pode ser um programa dos mais interessantes – não por outra razão, o sucesso do “Liberdade de expressão” (com Carlos Heitor Cony e Artur Xexéo), na Rádio CBN.
É, ainda, diretora da Usina Pensamento, empresa de palestras e consultorias em educação e gestão, tendo vários livros publicados. Mosé consegue “traduzir” a Filosofia de maneira tão simples que qualquer leigo entende. Foi o que fez no “Fantástico”, em 2005 e 2006, no quadro “Ser ou não ser”. E tudo com seu jeito alegre, leve e inteligente. Atualmente, a capixaba-carioca está envolvida num projeto que busca parceria público-privada para acelerar a contrapartida social nas comunidades pacificadas, para diminuir a violência e as distâncias entre favela e asfalto. “Em breve, teremos novidades”, diz. ela. Leia sua entrevista:
UMA LOUCURA: “Uma loucura é Alice Caymmi cantando, inacreditável, deslumbrante, desconcertante, levando o imenso talento da família adiante.”
UMA ROUBADA: “Multidões. Nunca gostei de muita gente num mesmo espaço; prefiro a solidão ou poucos amigos, a família. A vontade da multidão, sua unidade, seus movimentos em bloco me apavoram. Gosto de conviver com as diferenças, e amo Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”.
UMA IDEIA FIXA: “O Brasil. Alguma coisa em mim insiste em acreditar, às vezes contra a minha vontade, nessa gente brasileira, em sua beleza, criatividade e alegria. Eu amo nosso país.”
UM PORRE: “Um porre é a programação das TVs. A maioria é muito ruim; são centenas de canais, e pouca coisa me interessa.”
UM APAGÃO: “A consciência crítica, o pensamento reflexivo. O século XX não optou por uma educação cidadã, formando pessoas cultas e críticas; ao contrário, investiu em tecnologia – os países capitalistas, por medo de se tornarem comunistas, e os comunistas, por medo de voltarem ao capitalismo. Chegamos ao século XXI com a democratização do acesso ao conhecimento, à informação, mas não sabemos mais ler, argumentar, pensar, não sabemos elaborar, propor.”
UM DEFEITO: “Tenho muitos, mas o que mais me atrapalha é não ter freios na boca – eu falo demais.”
UM DESPRAZER: “Desprazer é ter que pegar um táxi nos aeroportos do Rio, especialmente no Galeão. É mais que um desprazer: pode ser uma odisseia ou um teatro do absurdo. Não vivo isso em nenhuma capital brasileira, e eu vou à maioria das capitais, regularmente.”
UM INSUCESSO: “Não acredito em insucessos. Em minha vida, tive muitos fracassos, mas todos foram convertidos em ganhos. Perder o rumo é o primeiro passo para descobrir novos caminhos. Eu tenho um poeminha que diz: “Perder a si mesmo é querer encontrar-se em lugares mais amplos”.
UM IMPULSO: “A alegria. Sou naturalmente alegre: acordo sempre muito bem disposta, adoro me mover, agir, brincar, trabalhar. Aprendi isso em casa, em Vitória do Espírito Santo. Meus pais e irmãos, meus sobrinhos e meu filho são do mesmo jeito.”