Gostar da mãe demais, e logo aparece um gaiato para dizer que você tem o Édipo gigantesco (se for homem, então…). Dizer que protege o filho, logo te chamam de Jocasta. Talvez a neurose mais popular do mundo, originada na peça de Sófocles, “Édipo Rei”, resume o principal conflito do ser humano: quero ser amado e não cometer nenhum pecado. O espetáculo Edypop vai além de atualizar o mito: busca, com uma linguagem bem contemporânea, indicar a gênese do Complexo de Édipo.
Aparentemente, um samba do grego doido, Edypop, dirigido por Marco André Nunes e com texto de Pedro Kosovsky, mistura desde os gregos clássicos, como Sófocles, Eurípedes, Doutor Freud no papel dele mesmo, John Lennon, e até mesmo Deleuze e Guattari, emblemáticos filósofos dos anos 70. Nesse mistura e manda, comemoram-se dez anos da Aquela Cia. de Teatro, apresentando Leticia Spiller de Jocasta e João Velho como o Édipo-bebê.. Tudo isso para procurar explicar o inexplicável.
“Não pressinta: aja com o rigor de sempre. Seja implacável: prenda, torture, roube, sequestre, mate. Mantenha-os sob controle até o pronunciamento de Laio. Você é ou não é o chefe da nossa segurança?”. Esse é o padrão dos textos de Jocasta. Ela assume o poder fálico frente a um Laio que teme as manifestações populares.
Quase um musical, pois a banda em cena canta e toca a trilha, especialmente composta por Felipe Storino em parceira com Pedro Kosovsky, mas também incorpora as canções de John Lennon, como “Mother”, para marcar a atemporalidade do relacionamento mãe/filho. Ao trazer a história que não foi contada, Edypop procura responder àquilo que todos nós queremos saber: afinal, de onde surgiu esse tal de Complexo de Édipo?
Serviço:
Espaço Arena Sesc
Sexta e Sábado, às 20h30
Domingo, às 20h