Ano novo, vida nova. Um texto inédito e vencedor da 6ª edição do Seleção Brasil, um diretor que reúne um jovem elenco formado especialmente para o espetáculo, uma história de casamento, morte, traição, amores proibidos. Um folhetim do século 19 com roupagem de cinema contemporâneo. Esses são os ingredientes de Casarão ao Vento, espetáculo de Francisco Alves.
Casarão ao Vento é, aparentemente, um dramalão, daqueles, passado em 1880, no qual os personagens misturam-se emocional e fisicamente. Filhas bastardas, pedofilia, abusos sexuais de toda ordem, homossexualismo, suicídio. Mas com uma encenação leve de Marco André Nunes, esses elementos acabam por pontuar o verdadeiro tema da peça, ainda atualíssimo: a submissão da mulher, a obediência a um pai dominador, a falta de possibilidade de escolha
O elenco é formado por Catharina Vicente, Anita Salgado, Julia Gorman, Julia Stockler, Felipe Cabral e Marina Magalhães. Linda com uma voz forte que marca a sua liderança, Anita é a irmã mais velha que se preocupa com tudo, a mais submissa. Vestidas com roupas de noiva, elas possuem um tom de virgindade, um tom transparente, mas, sobretudo, um jeito de roupas deterioradas, como se fossem roupas destruídas pelo tempo e pela morte.
“Levei anos para escrever, devido às pesquisas necessárias para retratar a sociedade decadente num Brasil de fim dos anos 1800 e as questões referentes à luta da mulher dentro de uma sociedade machista”, diz o autor, Francisco Alves. Mas o trabalho resulta em um espetáculo marcado pela inovação: os atores, o texto atual e a rediscussão permanente da relação entre a mulher e o mundo.
SERVIÇO:
Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
De quinta a segunda, às 19h30