Um tango, um restaurante, champagne. Um after-party inesperado. Bocas nervosas, mãos mais ainda. Uma noite ainda por acabar. A expectativa do final feliz. Mas eis que tudo isso se interrompe. Só restam as bocas nervosas, agora para falar. Essa é a abertura de Deixa que eu te ame, de Alcione Araújo , com a direção de Aderbal Freire-Filho e música-tema de Edu Lobo.
O enredo tem uma mistura de Caim e Abel com o mito do filho pródigo. Bernardo interpretado por Isio Ghelman, foi namorado de Helena (Solange Badim) e com a morte do Pai, desaparece. Torna-se um homem de sucesso em Brasilia e volta ao Rio para ser homenageado. Sua namorada, casa-se com seu irmão Tomas (Paulo Giardini). Após a cerimônia de homenagem, os antigos namorados dirigem-se a um restaurante e lá chegam com a urgência dos amantes interrompidos.
Com a chegada dos respectivos cônjuges, o clima vira clímax. O garçom, brilhantemente interpretado por Candido Dam, corre de um lado para outro para satisfazer os pedidos que se tornam impossíveis, pois a confusão dos sentimentos e dos diálogos impede qualquer clareza.
“Deixa que eu te ame…”, ela disse. Não bastasse, veio a resposta numa voz masculina “Deixo, se não me cobrar reciprocidade”, dita com naturalidade tão sincera, que tornou mais chocante o que já havia de insólito, bizarro e cínico na resposta. Assim, termina a peça. O amor existe, mas sem qualquer reciprocidade.
Serviço:
Teatro Poeira (Botafogo)
Quinta a sábado: 21h
Domingos: 20h