Hoje, corremos de um lado para outro: do Facebook para o Whatsapp, do e-mail para mensagem. Ufa! Tempo é a nossa unidade mais cara (no sentido de querida) e mais preciosa. Como dar conta? Para satirizar esses conflitos, a peça Minimanual de Qualidade de Vida, monólogo com Alexandra Richter, uma comédia de Ana Paula Botelho e da roteirista global Daniela Ocampo, que assina também a direção, dialoga com essas situações para lá de cotidianas…
A peça trata dessa luta entre uma pessoa que vive no mundo moderno e a necessidade de encaixar momentos de equilíbrio e saúde em meio a situações conturbadas e adversas. O indivíduo deve ser culto, bem-sucedido (pessoal e profissionalmente), analisado, bonito e estar em plena forma física. “São tantas as demandas externas, que a pessoa passa a sublimar as próprias necessidades individuais, travando uma batalha inglória contra o relógio e também contra as próprias limitações”, contextualiza Daniela Ocampo.
Alexandra, uma verdadeira comediante, encarna Angela Pimenta, uma dessas gurus de autoajuda que vendem horrores de livro. Para encarnar e demonstrar as situações cotidianas, a personagem dialoga com as imagens em multimídia dos irmãos Vilarouca. E, com isso, percebemos como funciona bem o provérbio “em casa de ferreiro, espeto de pau” – a guru é, na verdade, uma confusa, atrapalhada.
Assim, conforme a trama se desenvolve, Alexandra/Angela se complica. E, se complica, desespera-se; e, se desespera, enlouquece, porque não dá conta. Minimanual de Qualidade de Vida, de uma forma bem estrutura, arranca-nos mais do que risos (e esses são muitíssimos). Acabamos por pensar: que guru é esse que não resolve seus problemas? E, se ela não consegue resolver, o que faremos nós, pobres mortais? E assim acaba a peça, com todos ligando seus celulares para achar as mensagens, os telefonemas e ver a última do Facebook.
Serviço:
Teatro dos Grandes Atores (Barra)
Sextas e sábados, 21hs
Domingo, 20hs