Teatro às escuras. Um piano de cauda. A placa com o nome “Data de nascimento de vida e de morte”. Um corpo em posição fetal sobre o piano. Assim é a abertura de “Jim”, o espetáculo de de Walter Daguerre, direção de Paulo de Moraes e interpretação de Eriberto Leão e Renata Guida. Aí João/Jim se levanta, se dirige ao microfone e canta “Light My Fire”. Imediatamente caímos nos anos 60: suas preocupações, seus questionamentos e no mundo interior dos ídolos do rock.
Jim, a peça baseada na trajetória interior de Jim Morrison, vocalista e poeta maior da banda The doors, apresenta um jovem de Brasília chamado João Mota e como esse vai construindo os pontos de contato com a poética de Jim. João canta, se angustia, deseja a morte, recria sua própria história, mas todo o tempo vêm os seus momentos de angústia em sincronicidade com o poeta Jim.
“Quando comecei a pesquisar descobri um Jim Morrison que não imaginava e que muita gente não sabe quem é. Então vimos que precisávamos trazer uma outra idéia do Jim para o público”, revela Daguerre, complementado por Eriberto; “o Jim era, acima de tudo, um poeta. Essa poética, essa força de expressão, é o que move o relato de João. Até que aparece um anjo, vivido por Renata Guida.
O anjo funciona como uma alterego para João Mota. Leva a refletir sobre o verdadeiro sentido da vida, da poesia e da força que impulsionou Jim Morrison. João canta e canta, se questiona, se desespera. Falam da morte de Jim: suicídio, acidente. Não importa. Concluem pela vida: essa, sim, um fogo que está permanentemente aceso. Come on, baby light my fire.
Serviço:
Teatro Leblon – Sala Tônia Carrero
Terça, Quarta e Quinta 21h.