Morreu Claude Amaral Peixoto, internada desde maio, depois de ser atropelada, em Copacabana, como noticiamos. Claude era chamada, aqui no “saite”, de embaixadora-informal-da-cultura-francesa no Rio – título que acabou incorporado, já que define realmente o seu perfil. Recebia todos os franceses com um jeito amigo, carioca e festivo, sempre promovendo eventos no bonito apartamento da Avenida Atlântica, em homenagem a um, a outro, a todos, dos mais diferentes perfis e gerações.
Neste caso, espera-se que tenha “partido desta pra melhor”, como no chavão, pois Claude estava sofrendo muito, como disse uma das suas inúmeras amigas. Isso, se for possível alguém há meses dopado ter essa consciência. Sua morte deixa grande parte da sociedade de luto, de fato.
Logo depois do atropelamento por um ônibus da linha 125 (Central—General Osório), no dia 6 de maio, no cruzamento das ruas Francisco Sá e Nossa Senhora de Copacabana, ela foi internada no Hospital Miguel Couto, depois transferida para o Copa D’Or, onde morreu na manhã deste domingo (21/07). Ninguém sobrevive a um ônibus!
O corpo vai ser embalsado e cremado no próximo dia 30 – a demora na cerimônia é porque o filho, Cláudio Amaral Peixoto, está em Nova York, tentando embarcar para cá. Claude deixa ainda outra filha, Camille. Sua irmã Marie está à frente das burocracias e chateações destes momentos. Ainda que as últimas notícias sobre o estado de saúde de Claude trouxessem pouca esperança quanto à sua recuperação, sua morte foi recebida com profunda tristeza, como vemos nestes depoimentos:
Tanit Galdeano, empresária:
“A Claude era de uma carioquice rara, sempre gostou de tudo que o Rio pode oferecer; gostava tanto que se casou aqui e teve filhos cariocas, talentosos como ela. Claudio, por exemplo, sempre dividiu com a mãe a paixão pelo carnaval. Era um assunto que fazia Claude vibrar, se emocionar. Muito animada, sempre bonita, charmosa e generosa”.
Vanda Klabin, curadora de arte:
“Claude sempre foi uma francesa adaptada aos costumes cariocas, amiga fiel e dotada de simpatia aglutinadora. As circunstâncias de seu falecimento são lamentáveis – ela nem doente estava -, fruto do acaso”.
Tânia Caldas, relações públicas e promotora de eventos:
“Conheci a Claude desde que ela chegou ao Brasil, na década de 60, quando éramos muito jovens. Sempre recebeu muito bem, deu festas ótimas, depois casou-se com Carlos Henrique Amaral Peixoto, pai de seus dois filhos. À época que morei em São Paulo, cheguei a hospedá-la; era sempre maravilhoso, companhia inteligente e agradável. No apartamento em que ela morava, na Atlântica, deu réveillons maravilhosos. Ali, sempre recebeu muita gente ligada à cultura, como jornalistas e escritores, para almoços e jantares. Foi dona também do ‘Souza Lima, 23’, um misto de restaurante e loja de artesanato. Perdi uma amiga da vida inteira”.