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“De médico e louco, todos nós temos um pouco”. E de técnico de futebol e de ministro da Fazenda, cada brasileiro tem também um pouquinho. E Marcos Fayad, ator e diretor, nos traz em “ARTAUD – a realidade é doida varrida”, a angústia prazerosa de poder dizer o que queremos, ao interpretar uma série de textos de Antonin Artaud, ator francês da primeira metade do século XX que passou a maior parte de sua vida internado em diferentes hospícios.
Esse texto, em que Marcos Fayad realiza a direção, o cenário, o figurino e a trilha sonora, é o mesmo que foi apresentado nos anos 80, no Teatro de Ipanema, por Ivan de Albuquerque e Rubem Correa. Essa primeira montagem de Artaud, além do imenso sucesso de público e crítica, também marcou uma nova forma de atores se relacionarem com a plateia, na medida em essa se viu incluída na discussão do que é loucura.
Marcos Fayad opta por um cenário que representa uma enorme gaiola circular, dentro da qual ele se apresenta, fala, debate-se, questiona e impulsiona o jeito de pensarmos o que faz trancafiado uma criatura de tal lucidez. ” Procurei evitar a narrativa linear e realista e seguir o que propôs Antonin Artaud, não apenas colocando no mesmo plano plateia e ator, mas também cuidando para que sua interpretação rompesse o distanciamento, e se baseasse num “olhos-nos-olhos” com o público.”, diz Marcos Fayad.
E é tão importante que plateia e público estejam no mesmo nível que, ao final da sessão, Marcos se abre ao debate. E é impressionante como o cenário da prisão, ainda que continue presente, desfaz-se ante a possibilidade de diálogo. Essa é a magia do trabalho de Marcos Fayad, que, ao longo do texto, envolve-se em um enorme xale, vira-se e enrosca-se nele, leva-nos a ser esse xale, ao pensarmos sobre a prisão da pretensa sanidade.
Serviço:
Galpão das Artes do Espaço Tom Jobim
Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h