“Uma tosse que não para saúda o convidado, que se sente incomodado, deslocado mesmo. A partir de um hipotético convite de Sigmund Freud, prestes a morrer, a CSLewis, então jovem professor de Oxford, gira a trama de Freud, a Última Sessão, premiada peça do autor americano Mark St. Germain.
O encontro acontece no consultório de Freud, no mesmo dia em que a Grã-Bretanha declara guerra à Alemanha. O momento é tenso por si só. Freud liga e desliga o rádio; mas o que vemos é uma verdadeira batalha intelectual. Freud é um ateu convicto e Lewis, um cristão apaixonado. O abismo entre eles é intransponível, mas o desacordo inspira a cada homem disparar suas armas com paixão e convicção.
Com os temas de suicídio, guerra, sofrimento e sexo, as opiniões se cruzam num crescendo, porém, em momento algum, há agressividade nos combates verbais. O público percebe que pode existir desacordo sem insulto ou ataques pessoais. Uma lição de paz em um momento de guerra. Injetam bom humor, com brincadeiras e ironia. Os personagens, um personifica a lenda de desvelador da alma humana (Freud) e o outro (CSLewis) consagrado ficcionista com a obra as “Crônicas de Nárnia”, são vistos em sua dimensão humana.
A opção é pelo realismo seja no cenário, seja na caracterização dos atores Hélio Ribeiro (Freud) e Leonardo Neto (Lewis). “ É um espetáculo para rir, pensar e emocionar muitas vezes; difícil reunião em um trabalho de arte. Freud – a última sessão, acaba de ganhar o prêmio de melhor peça Off Broadway Alliance Awards 2011”, avisa a diretora Ticiana Studart.
O encontro não tem nem vencedores, nem vencidos; nem convencedores, nem convencidos. Nenhum dois consegue convencer o outro de seu ponto de vista. A reunião permite que o público absorva, durante 70 minutos, uma conversa articulada sobre questões que tocam o cerne da existência – que nem o próprio Freud conseguiu explicar de todo”.
SERVIÇO:
Teatro Maison de France
Quintas e sextas, às 19h30
Sábados, às 21h; domingos, às 19h