Um forró de pé de serra. Um teatro de mamulengos. Um dançar agarradinho. Relembrar músicas de ontem e sempre. Isso tudo está na peça “Gonzagão, a lenda”, de autoria e direção de João Falcão. A mistura de todos os elementos do bom musical – dança, letra da música funcionando como texto, ótimos cantores e banda de primeiro time – ganha mais eficiência com a opção de João Falcão de agregar as características da dramaturgia pernambucana: farsa, comédia, personagens caricatos, trapalhadas, roupas coloridas, amor, muito amor.
“É a história de Luiz Gonzaga, mas não é Wikipédia”, diz Falcão. Com isso, é apresentada a gênese do mito, do músico, da sua enorme capacidade criadora, através uma trupe que se apresenta para contar a “lenda do Rei Luiz”. Um dos raros momentos de referência à vida pessoal é o dueto emocionante entre Gonzagão e Gonzaguinha cantando “Sangrando”.
A trupe da peça é formada por oito homens (Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Marcelo Mimoso, Paulo de Melo, Renato Luciano e Ricca Barros, todos revezando-se nos vários papéis, inclusive no de Gonzaga) e apenas uma mulher, Laila Garin. Todos os atores cantam e dançam, com o apoio da banda formada por um sanfoneiro (Rafael Meninão) e do percussionista (Rick De La Torre), um violoncelista (Hudson Lima) e um rabequeiro e violeiro (Beto Lemos), que chega a tocar viola de 10 cordas como se estivesse tocando guitarra. E o resultado é de entusiasmar todo o tempo, nas mais de cinquenta canções apresentadas.
E para quem quer ter um chamego e não sentir falta de seu xodó, se quiser fugir dos blocos ou ir depois do bloco, esse é o melhor programa para o sábado ou domingo. Mas não deixe para mais tarde, pois tal qual carnaval é hoje só, amanhã não tem mais. “Gonzagão, a lenda” termina esta temporada no próximo domingo.
SERVIÇO:
Teatro: Sesc Ginástico (Rua Graça Aranha, 187 – Centro. Tel: 2279-4027)
Bilheteria: de terça a domingo, das 13h às 20h
Horário: sábado e domingo, às 19h