Se existe uma permanente agitação cultural no Brasil, fora do Sulmaravilha, esta fica em Pernambuco. Prova disso foi a inclusão, pelo New York Times, do filme O Som ao Redor, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, como um dos dez melhores de 2012.
Agora, se quiser conhecer como os pernambucanos são capazes de, efetivamente, falar para o mundo, não deixe de ir neste fim de semana (acaba domingo), à peça Ópera, encenada pelo Coletivo Angu, no Teatro Glauce Rocha. São quatro contos inéditos de Newton Moreno (o mesmo autor de As Centenárias, Jacinta e Maria do Caritó), todos eles com base em relacionamentos homossexuais.
Mas o que Ópera traz de melhor é nos levar a pensar que toda forma de amor vale a pena. Ao mesmo tempo, a peça se apropria de todos os tipos de linguagem típicos de narração de histórias de amor. O Cão, como uma radionovela, conta as desventuras de um cachorro gay e seus reflexos sobre a família de seu dono.“O Troféu”, inspirado na linguagem das fotonovelas em preto e branco, da década de 1960, traz o conflito de Pedro ou Petra que quer ser mulher .
Com o estilo das telenovelas brasileiras da década de 1980, Culpa é a história de um soropositivo, consumido pelo remorso de ter correspondido ao amor de um companheiro mais jovem. E finalmente Ópera, toda cantada, mostra a submissão amorosa, mantida entre um cantor de ópera e um garoto de programa. E, entre as histórias, os atores travestidos dublam divas da canção pop.
De forma leve e irreverente, seis atores transvestem-se, cantam, dançam, fazem vozes, imitam cães, mulheres, personagens que estão em nosso cotidiano. O melhor é que nos provam que, embaixo desse angu, têm muitas coisas mais. E da melhor qualidade.
SERVIÇO:
Teatro Glauce Rocha, Centro do Rio
Sábado e domingo, às 19h