Marilza Araújo, irmã do produtor cultural Guilherme Araújo, está triste e revoltada: seu irmão deixou, em testamento, uma casa em Ipanema para a Funarj fazer ali um centro cultural e gabinete de leitura, sonho de Guilherme. Deixou ainda duas salas na Visconde de Pirajá, no Quartier Ipanema, para que a verba do aluguel bancasse as despesas do centro cultural. No próximo mês de março, faz seis anos que Guilherme morreu e, até agora, nada foi feito. Chegamos até a noticiar que, em maio do ano passado, começariam as obras – não passou de ilusão!
De tempos em tempos, Marilza passa no local, identifica-se; sempre tem alguém lá, mas que não sabe dar informações. Na última e recente visita, uma moça abriu a janela do andar de cima, o que levou Marilza a achar que ela fazia parte da seguradora Hopevig, que toma conta do imóvel para impedir invasões, nesse, que é um dos endereços mais valiosos do Rio: Rua Redentor quase esquina de Garcia d’Ávila. “Tenho 75 anos, quero lutar por isso enquanto posso. É uma falta de respeito com quem doou um bem precioso com tanto amor, sem pretensão nenhuma”, diz ela, que se emocionou, chegando a chorar enquanto falava. “Quero estar viva para ver o sonho do meu irmão realizado”.
Guilherme Araújo foi importante personagem no meio artístico, por ter sido empresário de grandes nomes da MPB, tais como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil.