Nélida Piñon, esteve no Sem Censura, da TV Brasil, entrevistada por Leda Nagle, nessa segunda-feira (20/08), em tarde inspirada, onde deu entrevista também com Frejat, de quem gosta muito: “Eu tenho a impressão, e isso não mudou com os anos, que eu me sinto escritora 24 horas por dia. Está dentro do meu esquema, do meu estômago, do meu coração e da minha cabeça. Eu não consigo certamente dissociar a escritora, que tem essa dimensão moral e literária, da pessoa que vive. Há uma grande simbiose e afinidade entre o que eu escrevo e a minha vida”, afirmou a escritora.
Nélida lamentou também a excessiva valorização da imagem em detrimento da leitura. “Eu vejo que há um grande desperdício cultural no País e, talvez, em muitas partes do mundo. No Brasil, constato uma falência educacional. Reconheço com grande tristeza que houve um declínio, um empobrecimento linguístico muito grande. Por causa dele, o Brasil não viveu o ‘período de Gutemberg’ – passou para a fase da imagem que é poderosa, mas não dispensa a leitura, o verbo, a palavra”, disse a imortal.
Piñon fez referência também ao cinema e à música, citando Frejat, que esteve com ela no programa: “Os diretores de cinema só fazem filme com o roteiro e o conhecimento da linguagem. Tudo é o verbo. O cantor e compositor Frejat, por exemplo, tem letras belíssimas em que o verbo está presente”, concluiu.