Existem muitos queixosos contra os blocos que saem no carnaval do Rio: pelo rastro de sujeira, pelos mijões, pelo trânsito complicado, pelas ruas fechadas. Tem um lado de transtorno para a cidade, não há como negar. Mas tem ainda outro, muito ingênuo que ainda não foi falado: o das crianças. Do meio milhão de foliões desse fim de semana, segundo as estatísticas, boa parte, certamente não computada, era formada por aqueles que contam menos de 10 anos de idade, tenha certeza.
Os carioquinhas amam os blocos e estavam em toda parte, muitos deles “desfilam” não no meio da grande multidão, até porque seriam esmagados, mas em volta dela. Essa garotinha da foto desfilou no Suvaco de Cristo, apesar de desconhecer o significado dessas palavras; não sabe quem é Cristo, muito menos suvaco – o que pra ela não importa: queria mesmo era se divertir, mostrar a fantasia, fosse no bloco que fosse. Olhando ao redor de adultos mal-educados, enlouquecidos, bêbados, não é dificil ver muitas crianças fantasiadas.
Essa pequena “Marilyn Monroe” (bem mais vestida e mais ingênua do que a atriz) não gostaria que o carnaval “acabasse nunca mais”. Deve se transformar, no mínimo, numa grande foliã ou, quem sabe, numa madrinha de bateria com muito samba no pé. Detalhe: quando sentiu vontade de fazer xixi, perguntou à mãe, na Gávea, onde tinha banheiro – bem ao contrário dos homenzarrões que deixam as ruas infectadas.
Em muitos pontos da Zona Sul, nesta segunda-feira (28/02) quem fizer uma respiração mais profunda pode até desmaiar, tal o mau cheiro que toma conta da cidade. Segundo a operação Choque de Ordem, 214 pessoas (homens e mulheres, isso mesmo, mulheres também) foram detidas por urinar nas ruas – o que não é praticamente nada perto daqueles que não foram flagrados.