Georgia e Miguel Buffara e os três filhos amanheceram no Rio, nessa terça-feira, vindos do Egito, onde estavam em viagem de turismo. Quando viram a quantidade de tanques e pessoas armadas de metralhadoras nas ruas do Cairo, deram-se conta da gravidade e da dimensão dos protestos que tomavam conta do país, contra o ditador Hosni Mubarak. Então, desesperados, decidiram interromper a viagem. Já sem nenhum tipo de comunicação no hotel, partiram para o aeroporto, ali perto, com ajuda de uma espécie de guia que arrumaram, a quem Miguel deu 500 dólares (quantia significativa naquele país). A maioria dos balcões das companhias aéreas estavam lacrados; só no da Egypt Airlines, viram alguém. Depois de tentar um voo para qualquer lugar do mundo, conseguiram embarcar para Atenas, depois, Londres, e, finalmente, Brasil. O empresário brasileiro (do ramo de armazéns) e sua família passaram mais ou menos quatro horas, sem poder beber ou comer nada, “trancados” no avião, em terra. “Quando o piloto recebeu ordem de decolar, saiu como um louco. Nunca vi um avião deixar tão rápido o solo. Foi uma fuga espetacular”, afirma Miguel, antes de cair em prantos e não conseguir dizer mais nada.