Conhecida arquiteta, de família tradicional, virginiana, muito bem instalada na Avenida Rui Barbosa, e empresária da área editorial, ariana, moradora do Jardim Botânico, acabam de voltar de Trancoso, nesta terça-feira (28/09), onde se casaram numa cerimônia espiritual. Na manhã do último dia 24, as duas (e o cão Golden Retriever) foram abençoadas por um padre local. Na noite da mesma data, ambas atravessaram o “Quadrado” sob uma lua cheia, dirigindo-se ao restaurante Cacau, onde eram esperadas num cenário todo branco: as toalhas das mesas, o bolo, as bougainvilles, o buquê de papel crepom e as imagens de São Francisco e Santo Antônio. Elas e os poucos convidados rezaram o Pai Nosso e a Ave Maria de mãos dadas; depois, declararam: “Eu, fulana de tal, amo fulana de tal”, e vice-versa. A primeira foi casada duas vezes (com homens) e tem dois filhos; a segunda nunca se casou. No dia seguinte, domingo (26/09), distribuíram brinquedos para crianças carentes – uma forma de gratidão pela felicidade que estavam sentindo, depois de uma grande luta para ficarem juntas. A arquiteta se diz impressionada com o preconceito, muito mais presente nas classes alta e média alta, ao contrário das mais baixas. Ela, por exemplo, que sempre foi convidada pra tudo, quase não é chamada para os eventos mais exclusivos da cidade. Quando chegam a restaurantes bacanas, observam que as pessoas “da sociedade” que as conhecem ficam com conversas ao pé do ouvido. “Um dia, isso vai mudar”, acredita. Ao ouvir sobre o filme “A arte de perder” (com orçamento de mais de R$ 13 milhões), que Bruno Barreto vai dirigir, contando a história de amor da também arquiteta Lota Macedo Soares e da poetisa Elisabeth Bishop, com Glória Pires no papel da brasileira, completou: “Espero que a nossa história tenha um final mais feliz”. Como sabido, Lota acabou se suicidando. Quanto às duas, vão assinar contrato de união estável, no Rio, ainda sem data. Não precisa dizer que é esse o principal assunto da sociedade carioca.