No ano em que se celebra o centenário de Maria Callas (1923-1977), uma das pioneiras em levar a dramatização para a ópera, o Theatro Municipal vai apresentar o espetáculo em que a americana estrelou na cidade, em 1951 (depois, nunca mais cantou no Brasil). Com estreia nessa sexta (17/11), a nova montagem de “La Traviata”, de Giuseppe Verdi, tem concepção e direção do carioca André Heller-Lopes.
No papel que foi de Callas (Violetta), se revezam a carioca Ludmilla Bauerfeldt, a argentina Laura Pisani e, na última récita, a carioca Michelle Menezes, além de 70 pessoas no coro, 12 no balé e de 10 a 15 solistas, além da OTM.
As estruturas de ferro recorrentes na Paris no final do século XIX serviram de inspiração para a nova montagem — a primeira versão a ser dirigida por um brasileiro em meio século (a de Sérgio Britto, com quem Heller estudou, foi no início dos anos 1970). O cenário é de Renato Theobaldo. É a 15ª vez que Heller-Lopes dirige uma ópera no Municipal; a primeira foi da La Traviata, a convite de Eric Herrero, atual diretor artístico do teatro.
“Minha proposta é imaginarmos que a personagem da Dama das Camélias é eterna prisioneira de um mundo de moralismo e amores comprados. As duas grandes festas da ópera acontecem num cenário que remete às estações, sugerindo um trem da felicidade que nunca chega para a personagem”, explica o diretor. “Essas estruturas de ferro que compõem a nova montagem influenciaram a arquitetura em diversos lugares do mundo, como a Torre Eiffel, o Palácio de Cristal, em Petrópolis, e o Mercado de Manaus”, completa.