Dando continuidade ao “Especial Eleições 2018”, a entrevista desta sexta-feira (28/09) é com o candidato Indio da Costa (PSD). Já foram publicadas as entrevistas dos candidatos Eduardo Paes, e Garotinho.
Por que se candidatar ao governo do Rio?
A vida aqui no Rio de Janeiro perdeu o valor. As pessoas não têm acesso aos serviços básicos do governo. A segurança não existe, é uma insegurança total: você sai de casa, e não sabe a que horas volta. A polícia foi desmontada. O crime tomou conta. A gente precisa ter um governo. Eu quero ser esse governo. O governo que vai devolver a tranquilidade das famílias, de poder andar nas ruas, de poder fazer negócios. E a gente sabe que, com segurança, volta o turismo, volta emprego, voltam as oportunidades. Então, esse governo que falta, eu quero ser. Quero entregar esse governo. Eu sei que o Rio de Janeiro é possível, e tenho experiência em gestão para assumir a reconstrução do estado. Eu estou pronto para isso.
A fazer aliança com algum dos seus concorrentes, qual seria? Por quê?
Durante o processo de candidatura, conversei com diversos partidos para tentar compor uma aliança que representasse os anseios da sociedade; mas não adiantou porque os partidos continuam persistindo no erro, ao lado da roubalheira, que ajudou a afundar nosso estado, isto é, a troca de cargos e secretarias persiste em benefício próprio. Não pude concordar com isso e mantive meus princípios. Fiquei ao lado da sociedade que deseja uma ruptura da velha política porque já percebeu que essas negociações acabam em conchavos que rasgam recursos dos impostos para distribuir secretarias que em nada contribuem com quem mais precisa de governo. Por esse motivo, o PSD caminha sem alianças políticas. Para governar o estado, tem que ter liberdade. E eu tenho essa liberdade porque não faço conchavo político. Meu governo será com transparência e honestidade. O critério para escolha dos gestores das pastas será da capacidade de realização e experiência técnica. E não por indicações políticas. A aliança que busco é com a sociedade. Essa é a principal aliança, faz todo o sentido.
Das tantas tragédias atuais na vida dos cariocas, qual a que mais o comove?
Saber que as pessoas estão morrendo por causa da falta de segurança. É mais um descaso do governo, mas com consequências fatais. São vidas perdidas por causa de assalto, arrastão, bala perdida. Isso é muito triste. Não se pode admitir mais essa situação. Por isso, vou investir na segurança pública e trabalhar com as polícias. Não vou proteger bandido. O bandido que estiver portando um fuzil, andando armado no Rio de Janeiro e que enfrentar a polícia vai receber o mesmo tratamento de volta. Eu vou proteger a polícia. Se estiver armado e for bandido vai ser preso. E se for enfrentar a polícia, a polícia vai ter autoridade para reagir. Essa é a obrigação legal da polícia: proteger a sociedade. Não há como a polícia trabalhar sendo tratada como é atualmente por esse desgoverno. Quero a minha polícia honrada, respeitada. Quero e vou devolver o orgulho de ser policial. E tornar nossos policiais referência de ação.
Qual a ordem de prioridade pro senhor: educação, saúde e segurança?
Segurança é prioridade absoluta, máxima. Porque com segurança pública voltam os empregos, o investimento em geral. A força da minha proposta está em ouvir e trabalhar com as polícias e fortalecer a investigação para acabar com esse prende-solta que é um enxuga-gelo e só serve pra iludir a população. Vou ocupar os territórios porque não há como ser diferente: entrar e sair de comunidade só serve pra gerar tiroteios e mais vítimas; tem que ocupar e garantir as condições de ocupação e funcionamento dos postos de saúde, das escolas e das atividades de Esporte e de cultura, que são fundamentais para crianças e jovens se investirem de boas práticas e não serem aliciados pelo tráfico e pela milícia. E o tráfico e a milícia eu vou sufocar com força. Vou sufocar as condições de ação deles com polícia forte equipada e com treinamento, que é a minha prioridade máxima para cada centavo que o governo tiver e receber em um primeiro momento.
O senhor colocaria um filho numa escola pública no Rio? Por quê?
Eu colocaria sim, mas teria dificuldade para escolher porque o ensino público, por falta de atenção dos governos, tem andado ruim. Aproveito para ressaltar o excepcional trabalho que faz a turma da Escola Municipal André Urani – Escola Gente, na Rocinha. Mesmo localizada numa área conflagrada, a escola não sofre com evasão escolar. Vale conhecer.
Agora, é como tenho dito: não existe Educação sem Segurança. Com segurança, você também consegue reduzir as desigualdades e investir na educação. O Governo do Estado é responsável pelo Ensino Médio, e é nesse segmento onde se verifica a maior taxa de evasão escolar. Para os que permanecem, o rendimento escolar é muito baixo e atrasado. Vou combater a evasão escolar, que acontece por gravidez precoce até o desânimo dos alunos. Minha ação será por um Ensino Médio que tenha o ensino técnico profissionalizante junto, com convênios para os alunos conseguirem o primeiro emprego, trabalhando nas empresas perto das escolas. O governador tem um papel fundamental na questão operacional dos serviços públicos, de coordenador das políticas públicas de segurança, de educação e de saúde com os prefeitos. Temos que tornar a escola interessante para os jovens.
Quais as três primeiras providências se eleito?
A primeira providência será visitar todas as delegacias, inclusive as delegacias de polícia judiciária da PM. Visitar os batalhões, os presídios, o hospital da PM para, nos locais entender as necessidades das polícias e dos agentes penitenciários e supri-las para combater o crime. A segunda providência será a exoneração de todos os ocupantes de cargos comissionados nomeados por indicação política e a terceira será encaminhar uma reestruturação das secretarias para enxugamento dos gastos.
A filha do Eduardo Cunha é candidata, o filho do Sérgio Cabral é candidato, o filho do Jorge Picciani é candidato – todos presos. O que existe de tão atraente na política que não intimida esses jovens nem nessas circunstâncias?
Eles podem pensar e agir diferente de seus pais. Fato é que foram criados no exemplo das práticas deles.
O que pretende deixar de mais importante ao fim de seu governo?
Você poder sair de casa com a sua família e andar em qualquer canto deste estado, sem ter área dominada pelo tráfico, sem ter área dominada pela milícia e que esse cenário tenha propiciado a volta do desenvolvimento econômico. Você poder levar sua filha ao colégio, com a tranquilidade, de mão dada com ela, andando na rua, sem ter medo de tiroteio e bala perdida ou de assalto. Poder andar de ônibus, metrô, trem, barca, com tranquilidade. Hoje, a gente não aguenta mais. As pessoas estão estressadas, adoecendo por conta da falta de segurança. Então, esse é o maior legado que qualquer governante pode deixar: segurança.
Que cidade citaria como exemplo? Por quê?
O Rio de Janeiro porque, mesmo diante desse caos absoluto de falta de governo, nossa população trabalhadora ainda tem esperança. E é essa esperança que me move.
Estou energizado com a chance de, como governador, transformar o nosso estado ao lado de quem tem que definir o rumo do estado: o povo. Vamos tornar o nosso Rio de Janeiro um lugar melhor e mais seguro para viver.
Qual o seu apreço ou desapreço com a prefeitura do Crivella?
A minha relação com Crivella sempre foi pública e transparente. Respeito o Crivella, mas temos pontos que discordamos.
Fato é que o atual prefeito herdou do antecessor, Eduardo Paes, uma situação muito ruim. Paes assinou contratos sem capacidade de pagamento. Para fugir à Lei de Responsabilidade Fiscal, ele cancelou os empenhos (as reservas para pagamento) com matrícula fantasma e deixou um estouro de caixa de mais de 1 bilhão de reais. Veio o Tribunal de Contas do Município e constatou: se Paes não tivesse cancelado os empenhos, ele deixaria dinheiro sobrando para a atual gestão. Mas vamos raciocinar? Se Paes deixaria dinheiro, por que cancelou os empenhos? Não houve autoridade nem jornal que respondesse a essa questão até aqui. Por mais escandalosa que seja…
E a vida cultural como anda? Qual a última peça, o último filme, o último livro?
Minha vida cultural anda aliada à da minha filha que fez 4 anos. Então, a última peça a que assisti foi “Dora, a aventureira” e o filme foi “Meu malvado favorito”… Foi maravilhoso! Mas o último livro de adulto que li foi “Harmonia no Conflito”, que é uma tradução do Sun Tzu, do chinês para português, sobre a arte da guerra. E não posso deixar de citar a série “O Mecanismo” – me deixou impactado ver como funcionou o sistema do PT e do PMDB nesse período. Mostra com clareza a diferença entre a minha candidatura e a candidatura do mecanismo, que, aqui no estado do Rio de Janeiro, é representada pelo Eduardo Paes, candidato do Pezão, do Cabral e do Picciani.
Sabemos que a União retém quase a totalidade dos impostos arrecadados no Estado do Rio, deixando o governador, digamos, de pires na mão. Qual seria sua proposta para evitar essa romaria a Brasília, cada vez que mais dinheiro é necessário?
Vamos fazer mais com menos e com princípios básicos: não roubar, não deixar roubar e não desperdiçar. Sabemos que os governos do PMDB autorizaram uma orgia fiscal. Deram incentivo para motéis, joalherias e outras loucuras para pagar as joias da madame e encher os bolsos da quadrilha que destruiu o Rio e tenta se perpetuar no poder com o candidato deles, o Eduardo Paes, que integra o núcleo desse time aí. Perdoaram dívidas e etc. Portanto, é preciso rever a maneira como funciona a receita do estado. Na outra ponta, há as despesas; os governos roubaram, desperdiçaram dinheiro, fizeram uma festa. Deram aumentos salariais sem poder. Por esse caminho e resolvendo-se a segurança pública, consegue-se recuperar a economia neste nosso estado cheio de potencialidades regionais.
numero:13 O que o senhor acha de políticos que mentem?
Que são desprezíveis. A mentira, por si só, não é boa. E, quando vem de político, só piora. O povo está cansado e não acredita mais nas promessas políticas. Eu concordo com eles, chegamos ao limite. É preciso governar para o povo, e não em causa própria. Governar para o interesse público. Tenho certeza de que posso ajudar a população do estado do Rio e colocar o estado para funcionar em favor das pessoas. Fui relator da Lei da Ficha Limpa, que vem sendo aplicada e hoje já impede mais de 7.300 fichas sujas de se candidatarem. Quero um Governo Ficha Limpa no Rio, e eu farei assim meu governo, uma vez eleito pela população. Um governo que ouça e que se una à população e faça acontecer o que é preciso. Quero aproveitar e sugerir aos eleitores que entrem no aplicativo ‘Detector de ficha de político’, que está disponível para o público verificar se seus candidatos foram condenados ou respondem a processos na Justiça. É possível ver todo o processo. Investiguem seus candidatos, colocando os nomes deles no detector.