Jonathan Duran, americano que mora há 19 anos no Brasil, casado com brasileira e pai de um menino negro de oito anos, desde o último fim de semana virou personagem das redes sociais. O editor financeiro de um banco de investimentos estava, no sábado (28/03), com a criança na frente da Animale da Oscar Freire, esperando a mulher sair de outra loja, quando uma vendedora disse que o menino fosse embora dali, que não era lugar de vender coisas. Jonathan se apresentou como pai do garoto, mas não houve nenhum pedido de desculpas nem da vendedora nem da empresa. Ele postou o incidente no Facebook e, desde então, o caso vem ganhando repercussão.
A Animale, através de sua assessoria de imprensa, informou que entrou em contato com Jonathan e reitera que repudia qualquer ato de discriminação.
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titulo: Você declarou publicamente que achou muito fraco o pedido de desculpas da Animale. O que espera da empresa como retratação?[f]
desc: “Na verdade não houve um pedido de desculpas, é como lamentar que choveu em dia de piquenique. O texto que eles postaram no Facebook mais parece uma propaganda da marca, fala que a empresa respeita a diversidade étnica, sexual e de credo, mas não reconhece a agressão. Não estou atrás de dinheiro, a menos que esse dinheiro pudesse financiar alguma iniciativa para maior conscientização da questão racial. Também, por enquanto, não penso em acionar juridicamente a empresa – não é coisa fácil, dá muito trabalho, mas pode ser uma opção. Se eu resolver por isso, já tem muita gente disposta a me ajudar. Fui procurado por uma funcionária do conteúdo digital da Animale no fim de semana e tivemos uma conversa legal, ela foi solidária, mas percebi que a empresa não tem uma resposta para eliminar o racismo nos seus quadros. Gostaria de ver medidas concretas da empresa para evitar futuros casos como o meu”.
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titulo: O gesto da vendedora não pode ter sido um ato pessoal e não uma postura da loja?[f]
desc: “Não foi uma atitude individual, essa vendedora só queria que eu e meu filho fôssemos embora o mais rápido possível, ela além de nos expulsar do lado de fora me ignorou quando tentei conversar com ela dentro da loja. Deu para perceber que ela estava agindo dentro de expectativas e pressões da empresa. Esse tipo de loja filtra os clientes desejáveis dos indesejáveis, se ele não está num determinado perfil de cor de pele, de idade, de biotipo. Minha mulher, que nem tem a pele tão escura assim, nessa mesma rede de lojas já passou por uma situação desagradável, foi totalmente ignorada. Faz parte da cultura deles.“.
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titulo: Como cidadão americano, o que acha do racismo no seu país?[f]
desc: “É difícil imaginar esse tipo de situação hoje nos EUA, não é como aqui, que as pessoas fingem que as coisas não acontecem. Quando ocorre o assassinato de um jovem negro inocente muitas pessoas protestam, aqui milhares de jovens são assassinados pela polícia e fica por isso mesmo. Gostaria de ver a mudança social para meu filho e todas as crianças terem um futuro melhor. O que eu temo é que, mais pra frente, quando meu filho tiver 15 anos, é que esse mal-entendido aconteça com um policial armado. Mas estou contente com a divulgação que o caso teve, muitas pessoas estão se mobilizando. Vamos ver no que vai dar”.
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