
No alto, porta do carro de professora do Projeto Uerê, que foi atravessada por uma bala durante o tiroteio na manhã desta quinta-feira; acima, a educadora Yvonne Bezerra de Mello/ Foto: reprodução do Facebook
Yvone Bezerra de Mello conta que passou por momentos de terror, nesta manhã, nas salas de aula do Projeto Uerê, no Complexo da Maré. Homens do Comando de Operações Especiais (COE) e do Bope entraram na comunidade e o tiroteio foi intenso, levando crianças e professores a se jogarem no chão. Yvonne foi até oficiais do Exército, que estavam numa barreira 100 metros adiante, e eles disseram desconhecer a operação.
Ela, então, resolveu tomar satisfação com os policiais do COE em relação à segurança das crianças: “Estou puta com vocês!”, disse. Um deles a ameaçou: “Vai levar bala”. “Pode atirar”, foi a reação dela. A criadora do método educacional Uerê disse que já trabalhou na Etiópia, no Sul do Sudão, na guerra civil de Angola, mas que está apavorada. “Nunca vi tamanha violência num país sem guerra”.
Viúva do diretor da rede de hotéis Othon Álvaro Bezerra de Mello, Yvonne ficou conhecida por ter saído em defesa dos menores que escaparam da Chacina da Candelária, em 1993, quando oito crianças foram assassinadas por agentes policiais. Foi daí que surgiu o núcleo inicial do seu projeto de educação, com crianças de uma favela de São Cristóvão, onde um sobrevivente residia.
Uma professora do Uerê, que havia deixado o carro estacionado em frente à escola, teve a porta do veículo atravessada por uma bala. Yvonne decidiu suspender as aulas mais cedo e não sabe se terá condições de reabrir a escola, nesta sexta-feira (13/03).
Infelizmente as leis no “Brasil”, não protegem o brasileiro. Trabalho em uma Escola Estadual aqui em São Paulo, Ribeirão Preto e é isso que vemos todos os dias. A escola de hoje está refém da violência, tanto interna quanto externa. A nossa legislação, deixou a infância e juventude, reféns da “CRIMINALIDADE”, o jovem que participa de um crime, qualquer, fica sem ter nenhuma conduta, educativa ou punitiva, resultado ele assume pelo menos a denominação de “chefe” e assim os demais também estão “impunes”, assim nossos jovens estão reféns do trafico e crime organizado,claro.
Nós que trabalhamos com jovens, professores agentes comunitários, educadores de rua, mesmo profissionais de saúde, ficam de mãos e pés atados, tolhidos em suas criatividades profissionais.
A escola e seu redor, é também refém desta situação, é comum ouvirmos proprietários de imóveis às redondezas comentarem sobre a desvalorização de seus bens. Apenas os legisladores, e políticos não percebem e nem querem perceber esta realidade. Criticamos a Indonésia, pelo menos ali tem se o que seria um esboço precário de regras, de algo que poderá ser interpretado como Lógico.
me solidarizo com os colegas não só do Rio de Janeiro, mas todos os que ficaram estarrecidos, incomodados, e quase desesperançosos com os fatos trágicos que lá ocorreram.