A ArtRio (Feira de Arte Internacional do Rio), em sua oitava edição, que acontece na Marina da Glória, de 27 a 30 de setembro, vem com duas novidades: a criação da plataforma ArtRio.com, que funciona como um site de vendas de todas as galerias que vão expor, e o foco na arte brasileira, com o programa Brasil Contemporâneo. De acordo com o relatório “The Art Market 2018 – Art Basel and UBS”, o mercado de arte online cresceu 72% nos últimos cinco anos e, em 2017, as vendas em canais digitais representaram 8% do total negociado no mercado. Nesta terça-feira (18/09), Brenda Valansi (aquela que sabe tudo de arte) e Luiz André Calainho, sócios da feira, fizeram um evento na Marina, para lançar o site. Confira o papo com Brenda:
Quais as novidades deste ano?
Agora começamos a colher os louros. Estou muito feliz porque esta edição vai ser especial, a gente vem com foco na arte brasileira; com isso, estamos conseguindo trazer muitos curadores internacionais com esse foco. Estou superanimada com o programa novo chamado Brasil Contemporâneo, focado em galerias fora do Rio e de São Paulo, com curadoria do Bernardo Mosqueira. A outra novidade é um bebê que vai nascer, é o ArtRio.com. Aprimoramos nossa plataforma para que haja vendas online, uma realidade mundial em todos os segmentos. Nosso foco será possibilitar para os galeristas e para o público comprador um novo canal, que alia segurança, rapidez, comodidade e conveniência. As galerias vão incluir suas obras, e elas estarão acessíveis a pessoas de todas as regiões do País e também de outros países. Todas as informações sobre as obras serão fornecidas diretamente pelos galeristas, que farão a seleção das peças também.
Isso vai facilitar?
Muita gente tem vergonha de perguntar preço, e isso é uma maneira de facilitar. Isso é muito recorrente na feira, alguém não comprar por achar que as obras são milionárias. Não é verdade. Muitas vezes, a pessoa acaba não comprando nada por achar que é só para ricos.
Tem algum trabalho de destaque que o público vai notar?
Uma que vai ser muito legal é Macaleia (1978), do Hélio Oiticica, em homenagem a Jards Macalé. Vai ficar no jardim da Marina e será uma obra ícone e interativa. Com certeza, vai ser o lugar preferido para as selfies. Também vai ter uma linda escultura da Amália Toledo, que morreu há pouco tempo.
O mercado de arte vai bem no Rio?
É um mercado que está voltando a se aquecer e, apesar da crise, várias galerias estão abrindo e outras jovens galerias que começaram pequenas e estão expandindo. Se está assim, é porque estão vendendo, e a venda é fundamental para a máquina girar.
E como faz com uma pessoa sem noção andando pela feira?
Eu morro de rir de algumas situações, mas geralmente as galerias é que ficam em pânico. Em 2014, teve o episódio da Narcisa (Tamborindeguy), que virou meme depois de visitar a galeria britânica Pace e tocar numa obra, para desespero da galerista. Isso é importante porque leva consciência ao público, que está sabendo se comportar num ambiente de arte. É mais difícil ver as pessoas querendo tocar, ou não tendo o cuidado que se deve ter.
Como é vista a arte brasileira no exterior?
A visão lá fora é maravilhosa, é muito bem vista. Temos uma arte muito sofisticada no sentido de ser conectada com o mundo, de não ser regional. Não temos mais Portinari pintando as mulatas, a pobreza; tem uma linguagem internacional e se encaixa perfeitamente na arte mundial.
Em tempos de eleição, poder feminino, entre outros assuntos, vai existir algo especial na feira?
Não especificamente, mas entre os oito projetos, tem o Solo, com curadoria e coleções particulares de Genny Nissenbaum e Mara Fainziliber. Elas vão ocupar 12 espaços de 20 metros quadrados com uma artista mulher em cada um deles, apenas um homem (o americano Robin Rhode) – dos quais, dois estrangeiros e dez brasileiros, como Adrianna Eu, Anna Bella Geiger, Berna Reale, Beth Jobim, Iole de Freitas e Gabriela Machado. Queremos questionar a existência de menos mulheres em museus e galerias. Quero mostrar a força das mulheres na arte em todos os sentidos. A gente tem que se unir.
Foto: Murillo Tinoco (AGi9)