O ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro formalizou, nesta quarta (10/11), a filiação ao Podemos, a pouco menos de um ano das eleições de 2022, em Brasília. Moro ainda não anunciou qual cargo vai disputar, mas o partido o anunciou como “futuro Presidente da República”. Nós, do Rio, sabemos o que acontece quando se elege um juiz — é ou não é? Mal comparando, já que os perfis são muito diferentes, a experiência recente não foi agradável: Wilson Witzel foi eleito governador em 2018, na onda bolsonarista e, pouco tempo depois (em agosto do ano passado), afastado do cargo e condenado por crime de responsabilidade na gestão de contratos na área da Saúde.
A posse ao partido repercutiu nas redes, com especialistas esmiuçando o discurso de Moro e também nos memes depois que o ex-juiz fez questão de dizer: “O Brasil não precisa de líderes que tenham voz bonita. O Brasil precisa de líderes que ouçam e atendam a voz do povo brasileiro” — constantemente ele é apelidado de pato/marreco e sempre usam o famoso “quá/quac” para defini-lo.
Henrique Araújo, mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), pontuou as falas do ex-juiz: “1. É um apanhado trivial, mas é fala de candidato a presidente; 2. Aposta fichas no lavajatismo, mas tenta esboçar visão geral; 3. Ignora decisões do STF que o declararam suspeito; 4. Finge que a agenda anticorrupção é central hoje, como era em 18. É uma fala com mais recados a Bolsonaro do que a Lula ou a outros candidatos, menções a rachadinhas, cooptação do Exército, orçamento secreto, liberdade de imprensa etc. Moro parece estar convencido de que pode ocupar o lugar do Presidente na disputa eleitoral. Defendeu uma agenda de combate à corrupção, combinando bandeiras da Lava Jato, como prisão em 2º instância e fim do foro, acrescida de um conjunto de ideias soltas ao acaso sobre desigualdade, meio ambiente, segurança e outros temas”.