Desde criança, sempre ouvi muita música em casa, por causa dos meus pais. Todo fim de semana, eles selecionavam diversos CDs e punham pra tocar, o que me fez desenvolver, desde cedo, muito interesse pela música brasileira. Roberto Carlos era um artista que sempre marcava presença, e eu logo me interessei pelo Rei também.
Fui crescendo e desenvolvi uma curiosidade mais ativa pelo assunto. Descobri os discos de muitos artistas que eu gostava e passei a ler sobre suas histórias. Roberto Carlos foi um desses que sempre permaneceram no meu radar de gosto pessoal.
Quando ingressei na faculdade de Estudos de Mídia, em 2016, meu interesse pelo Rei passou a ser também como objeto de estudo. Diversas discussões sobre comunicação, estudos culturais, sociologia e música popular instigaram-me, cada vez mais, a entender a trajetória de Roberto Carlos, não só como artista, mas também como figura midiática importante para a cultura brasileira. Por isso, no fim do curso, escolhi como tema, para o meu trabalho de conclusão, a relação do Rei com a crítica musical, que agora, quase dois anos depois, tornou-se o livro “Querem Acabar Comigo — Da Jovem Guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical”, lançado recentemente pela editora Máquina de Livros.
O livro, diferente de uma biografia tradicional, é uma análise sobre a forma como Roberto foi entendido e avaliado pela crítica musical especializada dos grandes jornais do Rio e de São Paulo, desde sua explosão com a Jovem Guarda, em 1965, até os seus lançamentos mais recentes.
O tema me interessou porque notei que, apesar de sua consagração popular, Roberto demorou a ter o respaldo da intelectualidade, o que só aconteceu há muito pouco tempo — e, mesmo assim, com muitas ressalvas e de forma nada unânime. Na maior parte do tempo, ele foi visto pela imprensa musical como um artista ora “brega”, ora “repetitivo”, ora “lugar comum”. Ainda assim, seus discos nunca deixaram de ser avaliados anualmente pelos críticos mais importantes do País.
Foi justamente essa complexidade que eu quis explorar. Por isso, o livro também reflete, indiretamente, sobre a trajetória de Roberto na música popular e põe em discussão como os códigos da crítica musical foram construídos dos anos 1960 até hoje.
Depois de concluir o trabalho, passei a admirar ainda mais a obra de Roberto e a ter uma clareza ainda maior de sua dimensão histórica para a nossa cultura. Espero que quem ler o livro também compartilhe dessas impressões.
Tito Guedes tem 23 anos. É formado em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Na faculdade, começou a desenvolver uma pesquisa sobre Roberto Carlos e a crítica musical, que virou o livro “Querem Acabar Comigo — Da Jovem Guarda Ao Trono, a Trajetória de Roberto Carlos na Visão da Crítica Musical”, recém-lançado pela editora Máquina de Livros. Atualmente, trabalha como pesquisador, redator e produtor de conteúdo no Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB).