Setembro chegou e, com ele, vem a primavera com lindas flores, clima mais quente e muitas cores. Entretanto, nem todos os brasileiros conseguem celebrar a vida porque estão inundados de sentimentos, tais como: tristeza, angústia e ansiedade. Então lembramos que, felizmente, temos o “Setembro Amarelo”, criado justamente para discutirmos os transtornos mentais e a prevenção ao suicídio.
Eu sofro com crises de ansiedade, desde criança. Minha primeira vez foi aos 13 anos, quando minha mãe e eu visitamos vários médicos porque eu não salivava, suava frio e tinha batimentos cardíacos acelerados. À época, não se falava em ansiedade e eu, como cantora-mirim profissional, era então rotulada de “estressada”.
A doença não me impediu de me apresentar em diversos palcos nem me prejudicou profissionalmente porque o meu gatilho era justamente com as responsabilidades escolares. Acredito que, de certa maneira, a música até me ajudou a atravessar os momentos aflitivos. E eu fui me acostumando com o mal-estar que me visitava de vez em quando. Até que, há 8 anos, já adulta, fui parar no hospital, achando que estava morrendo.
Uma amiga me orientou a procurar um psiquiatra; lá fui eu… Depois de devidamente medicada com antidepressivo e ter as sessões de terapia agendadas com uma psicóloga, tive a sensação de que seria fácil enfrentar aquilo tudo. Doce ilusão porque a medicação só começou a fazer efeito uns 15 dias depois e, naturalmente, a terapia leva anos para ter resultado efetivo.
Muitas vezes, até pensei em suicídio porque a dor que se sente é tão grande que a ideia da morte parece ser a única opção. O que me segurou foi querer participar da vida do meu filho, então com 11 anos. O acolhimento que tive por parte do meu marido também foi fundamental para me manter com esperanças. Ele dizia: “Eu não entendo o que você sente, mas estou do seu lado e pode contar comigo”. Hoje entendo que foi justamente o amor que me manteve viva! Foi por amor e com amor que eu segui o tratamento, acreditando que aquele período nebuloso um dia teria fim.
Disciplinada que sou, mantive o tratamento em dia, além de aderir às terapias integrativas. Encontrei no Reiki, nos florais e na aromaterapia um arsenal de recursos, que tem sido de grande relevância nesse processo.
O Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com estudos da UERJ e pesquisas da Universidade de São Paulo (USP), durante a pandemia, esses números tornaram-se assustadores, pois apontam que a saúde mental dos brasileiros está 53% pior. Então, o que era ruim, ficou ainda pior? Na verdade, a meu ver, não. Graças a esse aumento nos diagnósticos, estamos desmistificando a patologia e gerando empatia sobre o tema. Contudo, o que precisamos, mais do que nunca, é acolher as pessoas que estão em sofrimento; afinal, todos somos únicos, diferentes e especiais.
Assim como diabetes, câncer e tantas outras doenças, a ansiedade e a depressão têm tratamento. Lembre-se de que, ao precisar de ajuda, você pode ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV): 188.
Tati Pinheiro é cantora e jornalista. Ela ficou conhecida quando integrou o trio infantil “Os Abelhudos”, sucesso nos anos 1980. À época, ela estava com 7 anos e teve como padrinho Roberto Menescal. Agora comemora 40 anos de carreira, lançando o single de “Overjoyed”, versão para o sucesso de Stevie Wonder, no dia 24 de setembro, em todas as plataformas.